sábado, 10 de janeiro de 2015

"Eu saí da Irlanda, mas a Irlanda não sai de mim"

Um amigo (Gabriel Mueller) com quem viajei para Oslo escreveu isso, há alguns meses no Facebook, e creio que demonstra exatamente como é a volta de um intercâmbio. Você fica "registrado, marcado, rotulado, carimbado e avaliado" (rs) depois que volta de lá. Você ganha uma segunda nacionalidade e um sofrimento eterno.



Além das dezenas de amigos que faz e que continuam morando lá (a maioria europeus, claro!), seu coração vive dividido. Você olha suas fotos sempre, toda vez que alguém posta uma, seu coração dispara; perde o fôlego quando ouve ou lê alguma notícia sobre. E quando toca alguma música irlandesa então... tem que segurar aquela vontade enorme de chorar.

Não, ninguém entende este sentimento. Apenas aqueles malucos que embarcaram na mesma aventura que você. É uma tristeza, misturada com nostalgia que te faz ter vontade de largar emprego, família, amigos... jogar tudo pro ar e ir novamente. Pra sorrir e viver tudo aquilo outra vez.

Quando a gente pensa em voltar para o Brasil, não tem a menor ideia do que isso representa. Pensa que vai voltar e todos vão querer saber tudo, nos mínimos detalhes. Que será tratado como um rei (ou rainha) por todos que sentiram sua falta. Que as milhares de fotos (de todos os ângulos possíveis e imagináveis) dos lugares que você visitou serão disputados à tapa. Na realidade, meu amigo, ninguém está nem aí. Quer dizer, se importam, mas não tanto quanto acreditávamos que seria. O que as pessoas querem é um resumo de tudo o que aconteceu e que você nunca mais fale sobre isso.

Essas nossas fotos e detalhes de viagem serão mesmo vistos, adorados e apreciados, de verdade, por aqueles que viveram o mesmo. Aqueles que entendem e que querem referências de lugares e coisas legais para uma possível próxima viagem.

Tentei segurar ao máximo minha língua e só falar sobre o assunto quando alguém perguntasse. Não queria ser aquelas pessoas chatas que só falam sobre a mesma coisa, sem parar, e que ninguém mais quer ouvir. Confesso que, muitas vezes, não me aguentei e acabei sendo aquela chata. Você quer dividir, você quer explicar, você quer dar a eles um pouco do gostinho de tudo o que você viveu... mas não dá. Isso é só seu e sempre será. É quase como um fantasma que vai te atormentar eternamente, mas que você será completamente apaixonado por ele.

 
E quando você volta, tudo é a mesma coisa e, ao mesmo tempo, tudo mudou. Porque você mudou, sua visão do Brasil mudou... e não é possível explicar como para outras pessoas. Nem você mesmo entende. Ao mesmo tempo em que quero sair do Brasil e voltar a morar fora, sinto um ódio tremendo quando ouço algum brasileiro revoltado falando que tudo no nosso país é uma merda e que quer morar no exterior. Tenho vontade de mandar calar a boca. Porque, afinal, meu coraçãozinho também é verde e amarelo e nosso país tem muita coisa boa, sim. Ele é que não sabe de nada porque nunca saiu daqui.

Ele não entende, eles não entendem... e nem eu entendo. A questão é: "eu saí da Irlanda, mas a Irlanda não sai de mim". Simples assim.

domingo, 17 de novembro de 2013

Onde estão os idosos do meu país?

Uma das coisas que mais estranhei quando vim morar na Irlanda é a quantidade de idosos que encontro todos os dias nas ruas e, acreditem, nos pubs. Sim, meus queridos amigos. Aqui, a velhice não te impossibilita de nada, muito menos de tomar aquela Guinness geladinha com os amigos e familiares.

Nem preciso dizer o quanto achei isso tudo muito esquisito e, ao mesmo tempo muito legal. O que me levou a questionar sobre a população da terceira idade no Brasil. Onde eles estão? O que fazem para se divertir?


Para mim, é mais difícil responder porque tenho apenas um avô vivo e ele não gosta de sair muito, ainda mais durante à noite. Em festas de família, é o primeiro a querer ir para casa dormir. Meu pai já está também com uma certa idade e já poderia se enquadrar no perfil, mas o máximo que ele faz é ir para o teatro, como sempre fez na vida. Esse, não saia muito à noite nem quando jovem.

Então, cadê os velhinhos e velhinhas brasileiros? Porque a gente só se lembra deles quando os encontra nas filas dos bancos e supermercados. Por que eles não saem à noite? Não se divertem? Não frequentam os mesmos lugares do que nós?

Aqui, na Irlanda, não existe essa coisa de fila preferencial para idosos. A primeira vez que deixei alguém passar na minha frente, foi um choque. A senhorinha não parava de me agradecer e estranhar. E eu pensava: um país europeu, dito de primeiro mundo e não tem fila preferencial?! Achei isso um absurdo e pensei profundamente sobre pelos próximos 30 segundos, nos quais permaneci nessa fila.

A realidade, amigos, é que nunca fiquei mais de 10 minutos numa fila por aqui. Talvez por isso, não exista a necessidade de tal "direito" da terceira idade. A bem verdade é que aqui eles vivem e muito bem! Com um salário que dá para pagarem as contas, viajarem e, se precisarem, ainda podem receber ajuda do governo. Mas a minha grande questão, creio que nem seja respondida por isso.

Aqui se tem mobilidade e segurança. A maioria das ruas são planas e nunca encontrei nenhuma ladeira que sequer chegue perto à que eu camelava pra subir todos os dias, para chegar em casa em São Paulo. No máximo, você consegue encontrar aqui um leve declive. Além disso, eles tem um serviço de ônibus e trem de superfície que funciona.

Já cheguei a falar aqui também do super andador que vários idosos usam. Ele tem rodinhas, um guidão como se fosse de bicicleta com breque de mão e um pequeno assento, para quando eles se cansam. Consegui tirar uma foto dessa senhorinha sentada num deles, enquanto esperava pelo seu ônibus.


Outra coisa que faz com que muitos deles tenham uma vida mais ativa que a que eu via nas terrinhas tupiniquins é o fator segurança. Aqui, é possível sair para os lugares à noite e voltar, sem correr o risco de ser assalto ou morto. Tanto que muitas pessoas costumam sair às 3 da madrugada para passear com seus cachorros nas ruas. Incrível, não? E totalmente seguro.

Aliás, segurança é um assunto que pretendo escrever num próximo post. Porque isso é algo que só a Europa mesmo pode te possibilitar.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Os bras(Z)ucas

Venho evitando há muito tempo escrever este post porque dá margem à muita controvérsia e é polêmico demais, mas vá lá.

Muita gente acredita que os brasileiros são amados, que onde vamos todos nos adoram porque somos felizes, simpáticos e tudo de bom. Certo? Bem, não é por aí. Todos nós sabemos que existem Brasileiros e brasileiros. A questão é que quando você está fora do seu país, acaba representando o seu povo, para o bem e para o mal. E, aqui, e muitos outros lugares do mundo existem muitos brasileiros nos representando muito mal mesmo! Eu explico.

A maioria dos brasileiros que vem para cá, decide trazer o Brasil junto com eles. Como assim? Moram com brasileiros, saem com brasileiros, comem todo dia no Feijoadão (lugar que só tem brasileiro comendo comida brasileira), vão toda terça-feira na Diceys (balada de brasileiros), na sextaneja (nem preciso explica essa, né?) e domingo no forró. Ou seja, falam português 100% do tempo e vivem aqui como se estivessem no nosso amado país. A queixa mais comum dos estrangeiros é que nós não nos misturamos e não respeitamos quando tem um gringo na roda e só falamos em português.

Não tenho como negar nada disso. É a mais pura verdade! Muita gente vem pra cá, fica anos aqui e sai com um inglês capenga. Daí, começam a reclamar da quantidade de brasileiros que tem na Irlanda. Que é impossível não morar com um, que é impossível não ter amigos brasileiros... e aquele blá blá blá todo.
Fiquei seis meses por aqui e praticamente só tinha um amigo brasileiro com quem saia de vez em quando. Morava só com estrangeiras e essas coisas fizeram toda a diferença do mundo. Chegava muitas vezes a sentir falta de falar nossa língua e soltava algumas palavras em inglês quando skypeava (sim, é meu blog e eu invento palavras) com a família. Não evitei brasileiros, mas também não fiquei correndo atrás deles por todos os lugares. Tentando desesperadamente manter uma vida que eu tinha lá.

O único malandro que eu curto

É impossível não fazer amizade com brasileiros. Mesmo porque, aqui você acaba conhecendo pessoas incríveis e seria muito trouxa de não aproveitar. A questão é você manter o foco no que quer. Não veio aqui aprender inglês? Não veio praticar? Pra ficar falando só na aula você fica no Brasil, né?!

Depois de seis meses, mudei com a minha flatmate italiana para um apartamento com outros dois brasileiros e outro italiano (depois o último saiu e veio um rapaz da Venezuela). Sempre que tem algum gringo no ambiente, automaticamente mudamos para o inglês. Ninguém combinou isso, apenas acontece como sinal de respeito.

Certa vez, estávamos em casa numa reunião com amigos. Estava na cozinha conversando com uma amiga brasileira quando um chinês entrou para pegar um copo de água e perguntou porque estávamos conversando em inglês se ambas éramos brasileiras. Ele ficou espantadíssimo quando explicamos que foi porque ele entrou no ambiente. O chinês/irlandês mora aqui desde criança e disse que a maioria dos brasileiros não faz isso e nem sequer se importa com. Pra mim, essas atitudes do povo aqui acaba soando muito como falta de respeito pela cultura mesmo. Quantas vezes já não ouvi gente reclamando dos coreanos que moram no Brasil e não aprendem a falar português. Então por que aqui tem que ser diferente conosco?

A bem verdade é que muitos brasileiros acabam sim queimando nosso filme por aqui e feio! E não dá para dizer para as pessoas não generalizarem porque isso é o normal do ser humano. Já vi muito gringo falando que não gosta de brasileiro e que gostam de mim porque não sou uma brasileira típica. Então, peço encarecidamente: se a Irlanda não é a sua primeira escolha, se você está vindo porque seus pais querem, porque não tem dinheiro para ir para os EUA, Canadá ou Austrália... bem, faça um favor para o resto dos brasileiros e não venha. Estou falando sério: vá para o diabo que te carregue, mas não para aqui.

Digo o mesmo para o povo que vem pra cá sem ter dinheiro para se manter aqui, que pediu dinheiro emprestado para enganar a imigração na hora de tirar o visto e que acaba tendo que voltar antes até de acabar o curso. Esse pessoal, depois acaba falando mal da Irlanda por aí. E não tem do que reclamar, a Ilha Esmeralda recebe a gente de braços aberto. Duvida? Pois coloque na balança todas as coisas que o governo aqui te possibilita como estudante de intercâmbio e o que os outros países oferecem.

Então, vou acabar com algumas ilusões que as pessoas possam ter antes de vir:

- Não tem emprego caindo do céu. Não mesmo. Alguns países da Europa como Itália e Espanha estão em crise. Então, muitos desses jovens estão aqui também procurando emprego. Você está concorrendo diretamente com eles e, para o empregador, é muito melhor ficar com um europeu (que não tem problema com carga horária e que pode ficar aqui muito mais de um ano) do que com você;

- Se você não sabe falar o mínimo de inglês, dificilmente vai conseguir algum trabalho. Principalmente nos primeiros meses quando mal começou o seu curso de inglês. Então, venha preparado com muito mais dinheiro para se manter porque demora até meses para achar algo;

- Não se aprende ou fica fluente em inglês (ou qualquer outro idioma) em um ano. Isso é uma grande ilusão. Quantos anos você levou para apender português? Pois será mais ou menos o que levará para o inglês também. E fluente só sendo nativo mesmo;

- Se você não tem passaporte europeu ou trabalha na área de TI (e tenha QI aqui), as chances de você conseguir um emprego em qualquer outra coisa que não seja um subemprego são quase nulas. Então, se você não está preparado para lavar prato, segurar placa na rua (e passar frio e tomar chuva) ou recolher copo em pub... definitivamente Irlanda não é para você.

Se depois de tudo isso você quiser vir, venha que tenho certeza de que será uma experiência eriquecedora. E venha de braços abertos e muita garra para dar duro porque por aqui não tem mamata, não. Você viaja pra tudo quanto é lado, mas tem que batalhar para conseguir tudo isso. Irlanda não é para os fracos, não. Mas com certeza é para muitos brasucas sangue-bom que sabem que ser brasileiro não significa ser malandro e passar a perna em todo mundo. Pra esses, vale a pena abrir o coração porque são sim as amizades inesquecíveis que você irá levar e os que irão te apoiar quando precisar.

PS: Sim, tem muito brasileiro que vem pra cá para roubar e aprontar até com os próprios conterrâneos.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Voltar ou renovar?

Uma das coisas que me tem tirado o sono ultimamente é a grande questão que todos passam no final do intercâmbio. A tal da dúvida: voltar ou renovar por mais um ano? Confesso que mudo muito de opinião a cada semana.

Amo a Ilha Esmeralda, tudo o que vivi por aqui, todas as pessoas e lugares que conheci e a cultura. No entanto, não sei se aguentaria ficar mais um ano inteiro. A minha ideia inicial era renovar e ficar até o verão do ano que vem. Aí poderia fazer uma viagem no verão europeu, conhecer mais alguns países e seguir pra nossa terrinha verde-e-amarela.


A questão é que nem o trabalho no pub vingou e nem na loja. No pub, eles queriam alguém só para quando estivessem tendo festas. Contrataram muitos bartenders ao mesmo tempo e como as aulas já começaram faz tempo, o fluxo de alunos lá diminuiu e a necessidade de pessoas trabalhando também. Conclusão: acabam colocando os próprios bartenders para recolherem os copos e mesmo a Dani, que trabalha como tal, só tem sido chamada para lá uma ou duas vezes por semana. Assim como eu, ela começou a procurar outra coisa para poder pagar as contas.

Na loja, as coisas pareciam que iriam engrenar mas, assim como no pub, eles contrataram mais gente do que precisariam. E as minhas prometidas horas a mais nas próximas semanas foram por água abaixo com a chegada de uma outra vendedora que estava de férias. Não só não estou tendo horas a mais esta semana como a menos do que na semana passada. :-(

Tudo isso está me fazendo questionar se já não passou da hora de começar a pensar em voltar. Realizei aqui alguns dos sonhos que tive e que nunca achei que um dia se concretizariam. Fiz meu intercâmbio, melhorei o meu inglês (hoje em dia ninguém mais tira sarro de mim por conta disso, muito pelo contrário), conheci castelos (sim, essa era uma das coisas que eu mais tinha vontade de fazer e creio que comentava apenas com minha mãe, quando adolescente), viajei para lugares inusitados e sem pensar muito, apenas pela diversão; conheci muita gente mesmo (pessoas que com certeza fizeram muita diferença no meu dia-a-dia), conheci outras culturas... enfim, ficaria aqui fazendo uma lista eterna de coisas. A questão é: estou extremamente feliz com tudo o que vivi por aqui! Se faria de novo tudo? Faria um milhão de vezes se sentisse necessidade.

E qual é a questão do renovar? A questão é que terei que pagar outro curso de inglês, seguro-saúde e GNIB. Se tivesse trabalhando, com tudo certinho, creio que não pensaria duas vezes sobre isso. Tanto que duas semanas atrás, quando pensei que iria começar a fazer mais horas na loja, estava certa de que iria renovar. Mas renovar sem ter nada certo, não creio que seja uma estratégia muito inteligente. Principalmente porque não quero ficar mais um ano e queria apenas 6 meses para juntar dinheiro e esperar o próximo verão.

A minha possibilidade de ficar aqui é talvez arranjando trabalho como au pair live in. No entanto, não sei se é o que quero. Teria que mentir para a família dizendo que ficarei pelo menos mais um ano ou terei que ficar mesmo e ficaria unicamente para viajar. Meus planos de vir para cá nunca foram para viajar para o máximo de lugares que eu pudesse. Mas quando comecei a viajar, tomei gosto pela coisa. Creio que não tanto quanto algumas pessoas que conheço que são realmente viciadas na coisa... rs. Mas gostei e, se decidir por voltar, quero fazer ainda uma última viagem pelos lugares que eu realmente quero conhecer: Itália com certeza entrará nessa. Não me importo que seja inverno.

A Irlanda definitivamente conquistou meu coração. Não tenho palavras para descrever tudo o que vivi por aqui. Tenho certeza de que serei uma eterna apaixonada por ela. Que vou chorar toda vez que ouvir uma música ou assistir um filme que se passa aqui. No entanto, nunca planejei ficar eternamente e estou tentando firmar alguns planos para quando voltar ao Brasil.

Não vou mentir que a saudades da família não pesa nessa lista porque pesa e muito. Mas estou tentando manter a cabeça fria e decidir com calma. Seja qual for a decisão, esse foi (sem sombra de dúvida) o melhor ano da minha vida e eu não sou nem de perto aquela pessoa que entrou no avião no dia 27 de dezembro de 2012.

domingo, 29 de setembro de 2013

Bate-e-volta Noruega - A Fonte

Quando você faz intercâmbio, principalmente na Europa, a sua visão de mundo muda... literalmente falando. Especialmente com a nossa amadíssima Ryanair. Lembra quando você pegava os seus amigos e fazia um bate-e-volta para o Guarujá? Saía cedinho e voltava de madrugada sem nem dormir por lá? Então, digamos que parti numa pequena loucurinha dessas em proporções européias.

Com o voo custando 40 euros ida e volta para Oslo, eu e alguns amigos decidimos que poderíamos passar o sábado lá, ir para o aeroporto durante a noite e voltarmos no domingo pela manhã. E não é que a viagem foi um sucesso?!

Para quem ainda não sabe, Oslo é a capital da Noruega e uma das cidades mais caras do mundo. O que fazer quando a isso? Nada que levar um lanchinho e fazer piquiniques por lá não resolvesse. Afinal, poderíamos levar uma mala de mão e não levaríamos roupas.

Chegamos num dia em que estava tendo corrida. O mais engraçado é que ela durou o dia inteiro. Oi? Isso mesmo. Na hora do almoço eram os homens que corriam, depois as mulheres, depois o pessoal da terceira idade, depois os bebes... e por aí foi. Para quem não entendeu, os bebes foi apenas brincadeira.

Agora, o mais surpreendente de tudo foi mesmo os nativos. Para quem, assim como eu não sabia, lá é A FONTE. Todos sabem que eu não sou lá muito chegada em loirinhos. Deve ter algo a ver com variabilidade genética nisso. Sei lá! Mas a questão é que lá é o país de gente bonita. Incrível! Todos estávamos embasbacados com a beleza natural dos rapazes. Para os homens que estão se perguntando, reparei sim na mulherada e são tão lindas quanto.

Sim... Noruega merece uma visita mais apurada. Ao menos, algo mais do que apenas um dia. Mas como foi tudo tão inesperado e espontâneo, valeu cada segundo. Serendipity, my lord!

PS: Estou postando, no final, uma sequência enorme de fotos das esculturas do Vigeland Park (feitas por Gustav Vigeland) e são especialmente para a minha mamitcha querida. Então, quem quiser, está mais do que liberado de ver todas elas.

PS 2: Olha, pai: fui parar na Noruega!

Foto: Gabriel Mueller




Foto: Gabriel Mueller







Foto: Gabriel Mueller


Foto: Carmen Matos






 Foto: Carmen Matos
Foto: Carmen Matos























Para quem quer entender porque eu digo que é A Fonte aqui vai um exemplo de cabelos escuros e olhos azuis.


terça-feira, 17 de setembro de 2013

O Primeiro Trabalho

Confesso que demorei para procurar emprego aqui em Dublin. Primeiro, porque não me sentia confiante o suficiente para realmente correr atrás de algo. Segund,o porque resolvi viajar com a minha tia logo após terminar meu curso. E uma viagem por 15 dias me impossibilitaria de começar a trabalhar e parar logo em seguida para ir. Então, acabei deixando para quando voltasse.

Em seguida, recebi a notícia do landlord de que o aluguel iria aumentar e achei um absurdo o novo preço porque já pagávamos muito caro. Decidimos então nos mudar. Queria muito ficar com a Dani (a italiana). Se não fosse para dividir quarto com ela, não iria querer dividir com mais ninguém. Então, acabei passando alguns dias exclusivamente procurando apartamento e mudando. Só depois comecei propriamente a correr atrás.

Entreguei currículos em vários lugares: lojas, pubs, cafés, mandei para outros mais pela internet e nada. Sabia que a situação aqui não é a das mais fáceis para arranjar um emprego, ao contrário do que a maioria das agências de intercâmbio vendem... mas também sabia que não era impossível e que seria só uma questão de tempo até achar algo. As estimativas é que as pessoas costumam levar uma média de 3 meses para achar algo, desde que começam a procurar. Mas sabemos que nada disso importa quando é alguém que indica. Aliás, esse é o que prevalece por aqui também. Então, aí valem os amigos que você fez por aqui. Geralmente, é aqui que conta principalmente os amigos brasucas.

Estava eu, em casa no sábado, me programando para sair com uma amiga da Espanha e outra da Bulgária quando ligam para a Dani. Ela olha para mim e diz: "Sim, ela está aqui na minha frente e falou que quer. Ok. 22 horas ela estará aí, toda de preto." E foi assim que consegui meu primeiro emprego de final de semana. Sem entrevista, sem currículo, sem nada... ou melhor, com uma super indicação da Dani.

O trabalho é bem simples: recolher copos. Ao contrário do Brasil, aqui a maioria das cervejas é vendida em copos, que chamamos de pint. Cada marca tem a sua e o copo é personalizado. Então, tenho que andar pelos dois andares do pub recolhendo os dito cujos. Depois, trago-os, passo numa bacia com buchinhas e coloco numa bandeja. Quando tenho copos suficientes, coloco dentro da lavadora. Depois de limpos, tenho que colocar cada um em seu respectivo lugar em frente de onde eles tiram a pint. Se alguém derruba cerveja tenho que levar o papel toalha e limpar. E também recolher os cacos quando alguém quebra algum copo. No final da noite, termino de recolher os copos que sobraram, limpo as mesas, varro o chão detro e na frente do pub (na frente, tenho que dar fim às bitucas de cigarro do povo que fuma) e é isso. Simples, mas bastante cansativo. O desafio é conseguir passar pelo meio dos bêbados carregando um monte de copos e tomando cuidado para ninguém trombar com você e quebrar tudo. Também é um desafio grande pegar o copo de algumas pessoas, mesmo que vazios. Sempre que me aproximava de uma mesa, as pessoas vinham correndo segurar seus copos para que eu não os levasse.

Esta foto ilustra bem o trabalho do floor staff

No final, o gerente nos deixou beber uma cerveja. Aí tirei a minha primeira pint de Heineken. Não saiu aquelas coisas e com muita espuma. Então, a Dani me explicou como fazer e tirei a segunda para ela. Ficou perfeita! Um orgulho.

Depois, fomos para um after party. Não sei se já toquei nesse assunto aqui, mas pela lei, os pubs só podem vender bebidas até às 3 horas. Então, quando dá esse horário, os seguranças começam a tocar todos para fora. Na maior ignorância mesmo, gritando e empurrando. Então, as pessoas que trabalham em pubs e não podem beber no horário de trabalho, se reúnem às escondidas para beber cerveja depois. Não é nada divulgado e só deixam você entrar se você conhece alguém de lá dentro para liberar sua passagem. Afinal, é contra a lei... mas pra tudo se dá um jeito. Me sinto na época da lei seca nos EUA: tendo que enfurnar em lugares para poder beber, mas foi bem divertido.

Dois dias depois, a Dani tinha ido lá ajudar como waitress no almoço. Lá pelas 11h15 ela me liga e manda eu ir pra lá que estão me chamando. Estava tentando voltar a dormir. Tínhamos tido uma festinha aqui em casa e não tinha dormido praticamente nada. Levantei, coloquei minha roupa preta (cor de uniforme de quem trabalha nos lugares aqui) e fui. Desta vez, me jogaram na cozinha. Mas aí é outra história... para outro post.