quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Atendimento Médico

Já tinha ouvido e lido muita gente comentando o assunto, mas esperei uma ocasião para conferir de perto isso. Sim, realmente o atendimento dos hospitais e clínicas daqui de Dublin (e já me falaram que de toda Irlanda) perde muito para o nosso no Brasil. Nunca mais reclamarei de ter que esperar muito tempo para ser atendida por aí.

A Daniela, italiana (sempre ela... rs), não estava se sentindo bem há alguns dias. Falei para ela procurar um médico, mas como tem que pagar pela consulta, ela ficou protelando. Após algum tempo, chegou no limite e ela começou a menstruar novamente e perder muito sangue. Resolveu que precisaria ir ao hospital. Após muita discussão comigo (ela queria ir sozinha), fiz com que o namorado irlandês fosse junto. Assim, ele poderia entender melhor o médico.

Cabe abrir uma explicação aqui. Os irlandeses pagam um imposto específico para a saúde. No entanto, se você precisar ir a um hospital ou clínica, terá que desbancar no mínimo 50 euros, que costuma ser o preço apenas da consulta. Ainda assim, o serviço é de uma qualidade um tanto quanto duvidosa.

Pai, esta foto é meramente ilustrativa, ok? Não conheço estas pessoas.

Voltando à nossa história. Quando chegaram ao que seria o melhor hospital de Dublin, ficaram contentes de só ter sete pessoas na fila de espera. Depois de cinco horas e ainda tendo mais cinco pessoas antes deles, desistiram. Sim, vocês não leram errado. O HOSPITAL levou CINCO HORAS para atender DUAS pessoas. Um completo absurdo!

Hoje, falei com ela para irmos a um centro médico que tem em frente ao nosso prédio. Depois de pagar os cinquenta euros e esperar por não mais de 10 minutos, fomos chamados pela médica. Ela era irlandesa e foi até bastante simpática. Tirou a pressão e perguntou o que ela sentia. Examinou-a e pediu que ela trouxesse um pouco de urina. Fez o teste lá na hora, com o palitinho e chegou a conclusão de que se tratava de uma obstrução intestinal. Resultado: saímos de lá com uma receita de... BUSCOPAN (Oi?).

Não posso deixar de pensar que, se fosse no Brasil, ela teria no mínimo feito um exame completo de sangue, urina e ultrassom. Lembra quando disse que existem muitas coisas que são melhores no Brasil? Então, colocaria esta em primeiríssimo lugar.

Nós nunca paramos para pensar no quanto nossos médicos são fantásticos. Claro, existem exceções, mas a maioria sabe todas as bulas e remédios de cor. É impressionante! Tudo bem, também pagamos duas vezes (impostos + plano de saúde) sim. Mas a maioria dos médicos não te mandaria para casa com uma receita de buscopan na mão sem ter feito mais exames.

Um caso que ficou muito famoso por aqui, mais precisamente em Galway, foi o de uma indiana que teve uma complicação na gravidez. Estava com 17 semanas e o corpo começou a não aguentar e ela apareceu no hospital com fortes dores nas costas, abdomen, febre, vômito, perdendo muito líquido aminiótico e com o cólo do útero completamente dilatado (aborto espontâneo). Diante do quadro, o casal pediu ao médico que interrompesse a gravidez (ou o que ainda restaria do bebê) para salvar a vida da mulher. A resposta do médico foi "Este é um país católico. Não podemos fazer nada enquanto houver batimento cardíaco". A mulher agonizou durante três dias e morreu juntamente com o feto.

Foto do protesto em Nova Deli contra o atendimento médico (ou falta dele) prestado à indiana

Segundo fiquei sabendo, a Irlanda é o país da União Européia que tem a lei mais severa e restrita na questão do aborto.

Depois de tudo isso, fiquei muito feliz por ter feito um check up médico completo no Brasil. Agora, a Daniela aqui, está pensando seriamente em ir para a Itália por alguns dias para se tratar, o que atualmente está parecendo ser uma excelente ideia.



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