domingo, 17 de novembro de 2013

Onde estão os idosos do meu país?

Uma das coisas que mais estranhei quando vim morar na Irlanda é a quantidade de idosos que encontro todos os dias nas ruas e, acreditem, nos pubs. Sim, meus queridos amigos. Aqui, a velhice não te impossibilita de nada, muito menos de tomar aquela Guinness geladinha com os amigos e familiares.

Nem preciso dizer o quanto achei isso tudo muito esquisito e, ao mesmo tempo muito legal. O que me levou a questionar sobre a população da terceira idade no Brasil. Onde eles estão? O que fazem para se divertir?


Para mim, é mais difícil responder porque tenho apenas um avô vivo e ele não gosta de sair muito, ainda mais durante à noite. Em festas de família, é o primeiro a querer ir para casa dormir. Meu pai já está também com uma certa idade e já poderia se enquadrar no perfil, mas o máximo que ele faz é ir para o teatro, como sempre fez na vida. Esse, não saia muito à noite nem quando jovem.

Então, cadê os velhinhos e velhinhas brasileiros? Porque a gente só se lembra deles quando os encontra nas filas dos bancos e supermercados. Por que eles não saem à noite? Não se divertem? Não frequentam os mesmos lugares do que nós?

Aqui, na Irlanda, não existe essa coisa de fila preferencial para idosos. A primeira vez que deixei alguém passar na minha frente, foi um choque. A senhorinha não parava de me agradecer e estranhar. E eu pensava: um país europeu, dito de primeiro mundo e não tem fila preferencial?! Achei isso um absurdo e pensei profundamente sobre pelos próximos 30 segundos, nos quais permaneci nessa fila.

A realidade, amigos, é que nunca fiquei mais de 10 minutos numa fila por aqui. Talvez por isso, não exista a necessidade de tal "direito" da terceira idade. A bem verdade é que aqui eles vivem e muito bem! Com um salário que dá para pagarem as contas, viajarem e, se precisarem, ainda podem receber ajuda do governo. Mas a minha grande questão, creio que nem seja respondida por isso.

Aqui se tem mobilidade e segurança. A maioria das ruas são planas e nunca encontrei nenhuma ladeira que sequer chegue perto à que eu camelava pra subir todos os dias, para chegar em casa em São Paulo. No máximo, você consegue encontrar aqui um leve declive. Além disso, eles tem um serviço de ônibus e trem de superfície que funciona.

Já cheguei a falar aqui também do super andador que vários idosos usam. Ele tem rodinhas, um guidão como se fosse de bicicleta com breque de mão e um pequeno assento, para quando eles se cansam. Consegui tirar uma foto dessa senhorinha sentada num deles, enquanto esperava pelo seu ônibus.


Outra coisa que faz com que muitos deles tenham uma vida mais ativa que a que eu via nas terrinhas tupiniquins é o fator segurança. Aqui, é possível sair para os lugares à noite e voltar, sem correr o risco de ser assalto ou morto. Tanto que muitas pessoas costumam sair às 3 da madrugada para passear com seus cachorros nas ruas. Incrível, não? E totalmente seguro.

Aliás, segurança é um assunto que pretendo escrever num próximo post. Porque isso é algo que só a Europa mesmo pode te possibilitar.