domingo, 29 de setembro de 2013

Bate-e-volta Noruega - A Fonte

Quando você faz intercâmbio, principalmente na Europa, a sua visão de mundo muda... literalmente falando. Especialmente com a nossa amadíssima Ryanair. Lembra quando você pegava os seus amigos e fazia um bate-e-volta para o Guarujá? Saía cedinho e voltava de madrugada sem nem dormir por lá? Então, digamos que parti numa pequena loucurinha dessas em proporções européias.

Com o voo custando 40 euros ida e volta para Oslo, eu e alguns amigos decidimos que poderíamos passar o sábado lá, ir para o aeroporto durante a noite e voltarmos no domingo pela manhã. E não é que a viagem foi um sucesso?!

Para quem ainda não sabe, Oslo é a capital da Noruega e uma das cidades mais caras do mundo. O que fazer quando a isso? Nada que levar um lanchinho e fazer piquiniques por lá não resolvesse. Afinal, poderíamos levar uma mala de mão e não levaríamos roupas.

Chegamos num dia em que estava tendo corrida. O mais engraçado é que ela durou o dia inteiro. Oi? Isso mesmo. Na hora do almoço eram os homens que corriam, depois as mulheres, depois o pessoal da terceira idade, depois os bebes... e por aí foi. Para quem não entendeu, os bebes foi apenas brincadeira.

Agora, o mais surpreendente de tudo foi mesmo os nativos. Para quem, assim como eu não sabia, lá é A FONTE. Todos sabem que eu não sou lá muito chegada em loirinhos. Deve ter algo a ver com variabilidade genética nisso. Sei lá! Mas a questão é que lá é o país de gente bonita. Incrível! Todos estávamos embasbacados com a beleza natural dos rapazes. Para os homens que estão se perguntando, reparei sim na mulherada e são tão lindas quanto.

Sim... Noruega merece uma visita mais apurada. Ao menos, algo mais do que apenas um dia. Mas como foi tudo tão inesperado e espontâneo, valeu cada segundo. Serendipity, my lord!

PS: Estou postando, no final, uma sequência enorme de fotos das esculturas do Vigeland Park (feitas por Gustav Vigeland) e são especialmente para a minha mamitcha querida. Então, quem quiser, está mais do que liberado de ver todas elas.

PS 2: Olha, pai: fui parar na Noruega!

Foto: Gabriel Mueller




Foto: Gabriel Mueller







Foto: Gabriel Mueller


Foto: Carmen Matos






 Foto: Carmen Matos
Foto: Carmen Matos























Para quem quer entender porque eu digo que é A Fonte aqui vai um exemplo de cabelos escuros e olhos azuis.


terça-feira, 17 de setembro de 2013

O Primeiro Trabalho

Confesso que demorei para procurar emprego aqui em Dublin. Primeiro, porque não me sentia confiante o suficiente para realmente correr atrás de algo. Segund,o porque resolvi viajar com a minha tia logo após terminar meu curso. E uma viagem por 15 dias me impossibilitaria de começar a trabalhar e parar logo em seguida para ir. Então, acabei deixando para quando voltasse.

Em seguida, recebi a notícia do landlord de que o aluguel iria aumentar e achei um absurdo o novo preço porque já pagávamos muito caro. Decidimos então nos mudar. Queria muito ficar com a Dani (a italiana). Se não fosse para dividir quarto com ela, não iria querer dividir com mais ninguém. Então, acabei passando alguns dias exclusivamente procurando apartamento e mudando. Só depois comecei propriamente a correr atrás.

Entreguei currículos em vários lugares: lojas, pubs, cafés, mandei para outros mais pela internet e nada. Sabia que a situação aqui não é a das mais fáceis para arranjar um emprego, ao contrário do que a maioria das agências de intercâmbio vendem... mas também sabia que não era impossível e que seria só uma questão de tempo até achar algo. As estimativas é que as pessoas costumam levar uma média de 3 meses para achar algo, desde que começam a procurar. Mas sabemos que nada disso importa quando é alguém que indica. Aliás, esse é o que prevalece por aqui também. Então, aí valem os amigos que você fez por aqui. Geralmente, é aqui que conta principalmente os amigos brasucas.

Estava eu, em casa no sábado, me programando para sair com uma amiga da Espanha e outra da Bulgária quando ligam para a Dani. Ela olha para mim e diz: "Sim, ela está aqui na minha frente e falou que quer. Ok. 22 horas ela estará aí, toda de preto." E foi assim que consegui meu primeiro emprego de final de semana. Sem entrevista, sem currículo, sem nada... ou melhor, com uma super indicação da Dani.

O trabalho é bem simples: recolher copos. Ao contrário do Brasil, aqui a maioria das cervejas é vendida em copos, que chamamos de pint. Cada marca tem a sua e o copo é personalizado. Então, tenho que andar pelos dois andares do pub recolhendo os dito cujos. Depois, trago-os, passo numa bacia com buchinhas e coloco numa bandeja. Quando tenho copos suficientes, coloco dentro da lavadora. Depois de limpos, tenho que colocar cada um em seu respectivo lugar em frente de onde eles tiram a pint. Se alguém derruba cerveja tenho que levar o papel toalha e limpar. E também recolher os cacos quando alguém quebra algum copo. No final da noite, termino de recolher os copos que sobraram, limpo as mesas, varro o chão detro e na frente do pub (na frente, tenho que dar fim às bitucas de cigarro do povo que fuma) e é isso. Simples, mas bastante cansativo. O desafio é conseguir passar pelo meio dos bêbados carregando um monte de copos e tomando cuidado para ninguém trombar com você e quebrar tudo. Também é um desafio grande pegar o copo de algumas pessoas, mesmo que vazios. Sempre que me aproximava de uma mesa, as pessoas vinham correndo segurar seus copos para que eu não os levasse.

Esta foto ilustra bem o trabalho do floor staff

No final, o gerente nos deixou beber uma cerveja. Aí tirei a minha primeira pint de Heineken. Não saiu aquelas coisas e com muita espuma. Então, a Dani me explicou como fazer e tirei a segunda para ela. Ficou perfeita! Um orgulho.

Depois, fomos para um after party. Não sei se já toquei nesse assunto aqui, mas pela lei, os pubs só podem vender bebidas até às 3 horas. Então, quando dá esse horário, os seguranças começam a tocar todos para fora. Na maior ignorância mesmo, gritando e empurrando. Então, as pessoas que trabalham em pubs e não podem beber no horário de trabalho, se reúnem às escondidas para beber cerveja depois. Não é nada divulgado e só deixam você entrar se você conhece alguém de lá dentro para liberar sua passagem. Afinal, é contra a lei... mas pra tudo se dá um jeito. Me sinto na época da lei seca nos EUA: tendo que enfurnar em lugares para poder beber, mas foi bem divertido.

Dois dias depois, a Dani tinha ido lá ajudar como waitress no almoço. Lá pelas 11h15 ela me liga e manda eu ir pra lá que estão me chamando. Estava tentando voltar a dormir. Tínhamos tido uma festinha aqui em casa e não tinha dormido praticamente nada. Levantei, coloquei minha roupa preta (cor de uniforme de quem trabalha nos lugares aqui) e fui. Desta vez, me jogaram na cozinha. Mas aí é outra história... para outro post.