quinta-feira, 27 de junho de 2013

Seis Meses

Deixei São Paulo no dia 27 de dezembro de 2012 rumo a meu tão esperado intercâmbio em Dublin. Desde então, tem sido seis meses nos quais coisas inimagináveis aconteceram. Sim, você não leu errado: faz seis meses que estou na Ilha Esmeralda.

Os primeiros são sempre os mais difíceis. No começo não tanto porque você está tão preocupado em encontrar apartamento, tirar o seu PPS, GNIB, abrir conta no banco etc... que você quase não tem tempo para ficar pensando nisso. No entanto, depois... aí sim o coração aperta. Sim, porque mesmo que você não veja as pessoas que ama frequentemente, você sabe que basta alguns minutos e já estará lá, na casa dela. Mas, quando isso se torna impossível, acaba sendo muito mais duro de aguentar.

Creio que os dois primeiros meses são os piores. Principalmente quando você perde festas, aniversário, casamentos (Né, Gui e Cá?)... vê as fotos, sabe que toda sua família está lá, reunida, e você não. Disse para uma colega de classe que morar em outro país é viver dividido e isso é a mais pura verdade. Seu coração fica ao meio: metade na sua terrinha e metade com você... e ambos sofrem, viu?

E o tal do inglês?
Bom, vamos lá. Todo mundo sabe que não dá para aprender inglês em seis meses. Isso eu já sabia antes mesmo de vir para cá. Se levamos anos para aprender português e ainda cometemos erros gramaticais terríveis, imagina uma segunda língua.

No começo, quando você não sabe muito, acaba tendo um avanço muito mais visível e perceptível do que quando já sabe alguma coisa. Entretanto, consigo medir o meu avanço pelo entender dos irlandeses. Antigamente, não entendia absolutamente nada. Agora, já consigo algumas palavras e, se tiver sorte, algumas frases... risos. Mas meu conhecimento na gramática cresceu consideravelmente. Consigo não só saber muita coisa, como explicar porque se deve usar de tal forma ou não. Isso já é um grande avanço sob meu ponto de vista. Lembrando também que o nível de inglês aqui acaba sendo muito mais difícil que no Brasil. Cheguei a fazer um teste escrito da Cultura Inglesa e fui classificada como Avançado. Legal, né?

Acho que para alguém ficar fluente mesmo, tem que vir para cá com uma boa base de inglês e ficar uns 2 anos morando.

Os irlandeses
Não tenho muitas críticas a fazer sobre eles. São muito simpáticos e agradáveis. Aqui, em Dublin, creio que há mais estrangeiros morando no centro da cidade do que irlandeses. Isso acontece porque os irlandeses geralmente preferem morar mais afastados. Em lugares mais tranquilos e calmos. Onde podem ter uma casa maior, jardins e tudo o mais. Ainda me relaciono com poucos deles. Quem sabe quando arranjar um emprego, possa conhecê-los melhor e dizer mais sobre eles?

E os brazucas?
Acho que, depois desse tempo todo, comecei a perceber porque brasileiro anda bastante com brasileiro por aqui. Creio que, além da identificação cultural, também tem o fato de que nós somos os que ficamos mais tempo por aqui. Os europeus costumam ficar 1 ou 2 meses, os coreanos 6 meses. Já os brasileiros, um ano. A maioria dos meus amigos da escola já voltaram para seus respectivos países de origem. Os que ficaram foram justamente os tupiniquins.

Um dos jardins do Palácio de Versalhes, Paris.

O que mudou em mim?
Tudo e nada. É tão difícil fazer uma auto-análise e explicar isso em palavras. Sempre quis fazer intercâmbio. Lembro que a primeira vez que quis foi no colegial. Queria ir para os EUA fazer um ano escolar lá. No entanto, naquela época em que mal tínhamos internet, era muito mais complicado obter informações e facilidade que temos hoje. Sem falar que o valor era muito caro e minha família não tinha como arcar com isso. Tentei algumas outras vezes, mas sempre esbarrava no fator financeiro. Então, acabei achando que nunca iria conseguir fazer algo assim. Agora, mesmo com 32 anos, consegui. Ainda me pego muitas vezes pensando no quão inacreditável isso é. Principalmente quando estava em Paris, ouvindo a guia contar a história dos lugares pelos quais íamos passando. Pareceu realmente surreal! E eu sei que minhas viagens estão só começando. Que tenho muito mais destinos pela frente. Nunca achei que eu seria aquela pessoa cheia de histórias, fotos, curiosidades e costumes para contar para todos aqueles que ficaram no Brasil. Nunca achei que me conectaria ao meu Jack London interior (risos). Mas essa sou eu agora.

A verdade é que a Irlanda me fez uma pessoa melhor. Como isso, Silvio? Simples. Brasileiros tem uma grande preocupação com a aparência. Temos que ter o último celular lançado nas lojas, televisão de 42 polegadas, carro do ano, o melhor notebook/tablet (ou os dois) que existir, as melhores roupas etc etc etc. Isso conta muito no Brasil! Mesmo que você não seja uma pessoa muito rica, você está sempre preocupado em mostrar o que você tem (e o que está comprando em um milhão de prestações). Está sempre muito preocupado com o que o outro vai pensar. Aqui já não, isso acontece numa escala muito menor. Aqui, as pessoas não gastam tanto com coisas supérfluas. É normal você ver pessoas com televisões antigas nas casas, celulares velhos e não há vergonha alguma nisso. No entanto, os irlandeses aproveitam esse dinheiro para viajar pelo mundo. Lindo, não?

Ainda não sei o que me espera nos próximos meses aqui. E nem sei quantos mais meses serão. A única coisa que sei é que estou fazendo uma bela limonada e que estou conseguindo aproveitar tudo o que posso dessa minha oportunidade única.

Para aqueles que pensam em fazer um intercâmbio, façam. Nunca é cedo ou tarde demais para começar a descobrir o mundo e o que você recebe de volta do que gasta não tem preço. São experiências únicas e um milhão de histórias que você poderá contar para seus netos um dia. Não continue um espectador (com s e com x) de sua própria vida. Pegue a caneta e comece a escrevê-la. Não amanhã, mas hoje. Medo a gente sempre tem, mas basta se jogar que você percebe que nem o céu é o limite!


domingo, 9 de junho de 2013

Connemara, Cork e Howth

Faz tempo que não posto algo neste blog. Então, para dar uma atualizada nas coisas, vou escrever num único post sobre as três cidades que visitei nos últimos fins de semana.

Connemara é um vilarejo próximo à Galway, um dos únicos da Irlanda no qual se fala primeiramente o gaélico e, depois, o inglês. Confesso que procurei as pessoas para tentar ouvir um pouco desse outro idioma. Ia me aproximando delas e finjindo que tirava fotos, mas nada. Ou paravam de falar quando eu chegava perto, ou estavam falando em inglês. Uma pena! Mas, como vocês podem ver na foto abaixo, as placas são todas em gaélico, diferente do resto da Irlanda em que você consegue encontrar também em inglês.


Sabe aquela ideia de uma vila de pescadores, as casas com o telhado de "palha" e lindíssimas paisagens que a gente vê nos filmes sobre a Irlanda? Pois bem, esse é o clima que você poderá encontrar por aqui.
Esta viagem teve direito à visita ao castelo da região, que pertenceu a Mitchell Henry que o construiu como um presente para a sua amada esposa Margaret. Praticamente um Taj Mahal irlandês. Com isso, ele acabou empregando muita gente numa época em que a Irlanda estava em uma crise muito séria e a milhões de pessoas passava fome. Além do castelo, no parque nacional também podemos encontrar uma igreja gótica e um jardim vitoriano. Um belo passeio para quem gosta de lindas paisagens!

Esse telhado custa a bagatela de 10 mil euros 



 A praia de Connemara
 Parafraseando o filme "Procura-se Um Amor Que Goste de Cachorros", eu procuro um amor que goste de castelos. Ou melhor, de construir castelos. Quero um pra mim... rs

 Sala na qual as mulheres ficavam tomando chá, bordando e jogando, enquanto os homens discutiam coisas que elas não conseguiriam entender: tais como política

 Sala de jantar
 Capela gótica e placa indicano o mausoléu
 Interior da capela

 Aqui, algumas famílias ajudam a manter ou restaurar Igrejas, bancos e monumentos em troca de homenagens a seus parentes mortos. Como no caso da família Sherlock

 Amei essa árvore. Me lembrou a do filme "Meu Primeiro Amor"

 O jardim em estilo vitoriano

Por fim, o maravilhoso castelo. Que sonho!

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Cork é a segunda maior cidade da Irlanda. Dizem que muito dos revolucionários vieram daqui e que muitos moradores dizem que deveria ser a capital da Irlanda. Polêmicas à parte, a questão é que depois de Galway, minha expectativa com esta cidade estava alta. E, logo na chegada,  vi o maravilhoso Rio Lee com diversos barcos com pessoas praticando remo enquanto o sol refletia em suas águas. Deslumbrante!
No entanto, depois que entrei na cidade e começamos a percorrer as ruas, não consegui encontrar nada mais interessante do que isso. Pouco antes de desistir, pedi a meu professor (Mr. Kelly) que nos levasse até a igreja local. Afinal, se tem uma coisa na cidade que é bonita é a igreja. Não podia estar mais certa. A Igreja me lembrou muito Notre Damme. Roberta, uma amiga italiana e estudiosa de História da Arte, me explicou que pela data ela não era uma gótica, mas que tinha sido depois construída neste estilo. Mas que os detalhes e tudo o mais realmente eram bem parecidos com a famosa catedral de Paris.
A cidade me pareceu muito mais pobre. Os jovens locais pareciam meio punks e ficavam no parque com a turma. Cabelos raspados, pintados, roupas características.
Encontramos um festival de música e entramos. Creio que éramos os únicos turistas por lá e vira-e-mexe uma das promoters vinha nos perguntar como ficamos sabendo do festival e ficam surpresas com a nossa resposta: "Passando em frente e perguntando o que era". (rs)
A verdade é que esperava muito mais de Cork. Talvez o castelo próximo seja mais bonito, mas ninguém quis ir comigo para verificar. Nas fotos, a cidade acaba parecendo muito mais interessante do que realmente é.







 Vídeo filmado dentro da catedral











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Howth é uma pequena vila de pescadores no condado de Dublin.
Decidimos aproveitar o sábado de sol e muito calor para pegar o Dart e irmos lá dar uma espiada e aproveitar a oportunidade única que essa semana de tempo bom nos proporcionou. E ela não deixou nada a desajar. Com paisagens deslumbrantes, Cliffs, barcos e uma natureza de dar inveja, acabou se tornando um dos meus lugares preferidos por aqui. E o melhor: fica a apenas 40 minutinhos daqui. Dá uma olhada nas fotos que elas falam por si mesmas.









Devaneios ao descansar nos cliffs


Chegamos depois do almoço, demos a volta pelos Cliffs e encontramos uma amiga do Gustavo num restaurante de lá. Decidimos sentar, comer algo e conversar, já que o dia está durando até às 10 da noite.
Ao pegarmos o último DART para voltar (23h), uma surpresa e cantoria no trem. Veja no vídeo abaixo: