Os primeiros são sempre os mais difíceis. No começo não tanto porque você está tão preocupado em encontrar apartamento, tirar o seu PPS, GNIB, abrir conta no banco etc... que você quase não tem tempo para ficar pensando nisso. No entanto, depois... aí sim o coração aperta. Sim, porque mesmo que você não veja as pessoas que ama frequentemente, você sabe que basta alguns minutos e já estará lá, na casa dela. Mas, quando isso se torna impossível, acaba sendo muito mais duro de aguentar.
Creio que os dois primeiros meses são os piores. Principalmente quando você perde festas, aniversário, casamentos (Né, Gui e Cá?)... vê as fotos, sabe que toda sua família está lá, reunida, e você não. Disse para uma colega de classe que morar em outro país é viver dividido e isso é a mais pura verdade. Seu coração fica ao meio: metade na sua terrinha e metade com você... e ambos sofrem, viu?
E o tal do inglês?
Bom, vamos lá. Todo mundo sabe que não dá para aprender inglês em seis meses. Isso eu já sabia antes mesmo de vir para cá. Se levamos anos para aprender português e ainda cometemos erros gramaticais terríveis, imagina uma segunda língua.
No começo, quando você não sabe muito, acaba tendo um avanço muito mais visível e perceptível do que quando já sabe alguma coisa. Entretanto, consigo medir o meu avanço pelo entender dos irlandeses. Antigamente, não entendia absolutamente nada. Agora, já consigo algumas palavras e, se tiver sorte, algumas frases... risos. Mas meu conhecimento na gramática cresceu consideravelmente. Consigo não só saber muita coisa, como explicar porque se deve usar de tal forma ou não. Isso já é um grande avanço sob meu ponto de vista. Lembrando também que o nível de inglês aqui acaba sendo muito mais difícil que no Brasil. Cheguei a fazer um teste escrito da Cultura Inglesa e fui classificada como Avançado. Legal, né?
Acho que para alguém ficar fluente mesmo, tem que vir para cá com uma boa base de inglês e ficar uns 2 anos morando.
Os irlandeses
Não tenho muitas críticas a fazer sobre eles. São muito simpáticos e agradáveis. Aqui, em Dublin, creio que há mais estrangeiros morando no centro da cidade do que irlandeses. Isso acontece porque os irlandeses geralmente preferem morar mais afastados. Em lugares mais tranquilos e calmos. Onde podem ter uma casa maior, jardins e tudo o mais. Ainda me relaciono com poucos deles. Quem sabe quando arranjar um emprego, possa conhecê-los melhor e dizer mais sobre eles?
E os brazucas?
Acho que, depois desse tempo todo, comecei a perceber porque brasileiro anda bastante com brasileiro por aqui. Creio que, além da identificação cultural, também tem o fato de que nós somos os que ficamos mais tempo por aqui. Os europeus costumam ficar 1 ou 2 meses, os coreanos 6 meses. Já os brasileiros, um ano. A maioria dos meus amigos da escola já voltaram para seus respectivos países de origem. Os que ficaram foram justamente os tupiniquins.
Um dos jardins do Palácio de Versalhes, Paris.
O que mudou em mim?
Tudo e nada. É tão difícil fazer uma auto-análise e explicar isso em palavras. Sempre quis fazer intercâmbio. Lembro que a primeira vez que quis foi no colegial. Queria ir para os EUA fazer um ano escolar lá. No entanto, naquela época em que mal tínhamos internet, era muito mais complicado obter informações e facilidade que temos hoje. Sem falar que o valor era muito caro e minha família não tinha como arcar com isso. Tentei algumas outras vezes, mas sempre esbarrava no fator financeiro. Então, acabei achando que nunca iria conseguir fazer algo assim. Agora, mesmo com 32 anos, consegui. Ainda me pego muitas vezes pensando no quão inacreditável isso é. Principalmente quando estava em Paris, ouvindo a guia contar a história dos lugares pelos quais íamos passando. Pareceu realmente surreal! E eu sei que minhas viagens estão só começando. Que tenho muito mais destinos pela frente. Nunca achei que eu seria aquela pessoa cheia de histórias, fotos, curiosidades e costumes para contar para todos aqueles que ficaram no Brasil. Nunca achei que me conectaria ao meu Jack London interior (risos). Mas essa sou eu agora.
A verdade é que a Irlanda me fez uma pessoa melhor. Como isso, Silvio? Simples. Brasileiros tem uma grande preocupação com a aparência. Temos que ter o último celular lançado nas lojas, televisão de 42 polegadas, carro do ano, o melhor notebook/tablet (ou os dois) que existir, as melhores roupas etc etc etc. Isso conta muito no Brasil! Mesmo que você não seja uma pessoa muito rica, você está sempre preocupado em mostrar o que você tem (e o que está comprando em um milhão de prestações). Está sempre muito preocupado com o que o outro vai pensar. Aqui já não, isso acontece numa escala muito menor. Aqui, as pessoas não gastam tanto com coisas supérfluas. É normal você ver pessoas com televisões antigas nas casas, celulares velhos e não há vergonha alguma nisso. No entanto, os irlandeses aproveitam esse dinheiro para viajar pelo mundo. Lindo, não?
Ainda não sei o que me espera nos próximos meses aqui. E nem sei quantos mais meses serão. A única coisa que sei é que estou fazendo uma bela limonada e que estou conseguindo aproveitar tudo o que posso dessa minha oportunidade única.
Para aqueles que pensam em fazer um intercâmbio, façam. Nunca é cedo ou tarde demais para começar a descobrir o mundo e o que você recebe de volta do que gasta não tem preço. São experiências únicas e um milhão de histórias que você poderá contar para seus netos um dia. Não continue um espectador (com s e com x) de sua própria vida. Pegue a caneta e comece a escrevê-la. Não amanhã, mas hoje. Medo a gente sempre tem, mas basta se jogar que você percebe que nem o céu é o limite!
Ainda não sei o que me espera nos próximos meses aqui. E nem sei quantos mais meses serão. A única coisa que sei é que estou fazendo uma bela limonada e que estou conseguindo aproveitar tudo o que posso dessa minha oportunidade única.
Para aqueles que pensam em fazer um intercâmbio, façam. Nunca é cedo ou tarde demais para começar a descobrir o mundo e o que você recebe de volta do que gasta não tem preço. São experiências únicas e um milhão de histórias que você poderá contar para seus netos um dia. Não continue um espectador (com s e com x) de sua própria vida. Pegue a caneta e comece a escrevê-la. Não amanhã, mas hoje. Medo a gente sempre tem, mas basta se jogar que você percebe que nem o céu é o limite!
Oi Maira, tudo bem?
ResponderExcluirEu venho acompanhando as suas publicações pois como você eu também irei fazer meu primeiro intercambio ano que vem para o mesmo lugar que você esta agora e mal posso esperar! rsrss....
Olhando as suas postagens estou conhecendo melhor o país onde eu vou ficar por 6 meses.
Mas agora mudando um pouco de assunto, você está a 6 meses e ainda não falou nada sobre o Amor Irlandes???? rsrrss...como pode isso? rsrs...Me conta, nas festas eles chegam junto ou são mais reservados? Curtem brasileiras?
Quanta pergunta né? beijo...Thais!
Oi, Thais. Desculpa demorar para responder, mas estou no meio de uma viagem. Mais precisamente em Liverpool. Os irlandeses adoram brasileiras. Na verdade, não só eles. O problema é o nosso estereótipo de mulheres faceis. Muitos acabam achando que isso é verdade. No entanto, isso é bom porque já faz uma boa peneira, né? O irlandeses costumam ser tímidos e precisam beber para se soltarem. O problema é que eles não sabem beber com moderação. Aí, quando ele toma coragem para chegar, já está pra lá de Bagdá. E acaba não dando pra entender nada do que falam... rs. Mas tudo dá-se um jeito. Mais pra frente tentarei fazer um post sobre isso. Beijos e boa sorte com a sua viagem! Se precisar tirar algumas dúvidas, tamos aí.
ResponderExcluirMaíra, tudo bem?
ResponderExcluirAdorei as suas dicas! Mas aguentar homem bêbado é dose né? rsrss.... Eu vou aproveitar que estarei aí para também praticar italiano pois sei que tem muitos aí né? rsrss...Espero que esteja aproveitando a sua maravilhosa viagem a Liverpool.
Aguardarei o próximo post! bjs.