sábado, 30 de março de 2013

3 Meses em Dublin

Há pouco mais de três meses, estava em um avião rumo a Dublin, assistindo um concerto de Andre Rieu na pequena telinha do avião porque não conseguia dormir com tanta turbulência. No entanto, talvez a agitação maior fosse mesmo dentro de mim. A dúvida de não saber se tomei a decisão certa. A questão de pensar por que estou fazendo um intercâmbio tardio, quando todos lá estão na casa dos 23 anos. O não saber quanto tempo ficar. A questão de ter largado meu emprego. Tudo isso foi passando pela minha cabeça devagarinho, uma caraminhola atrás da outra.

Após esse tempo aqui, não posso dizer que minhas dúvidas e inseguranças sumiram. Entretanto, posso afirmar que não sou aquela mesma pessoa lá do avião. Alguma coisa mudou. A Irlanda me modificou e estou completamente apaixonada por este país. Mas, como em toda relação, existem os pontos ruins: odeio o clima daqui! rs.

Estava escrevendo para um amigo sobre a questão de a vida em Dublin não ser tão ligada ao ter como no Brasil. Talvez pela história do povo irlandês, que passou por muitos maus bocados, a coisa mais importante por aqui é o ser. Ninguém está preocupado em quanto você tem, no que você trabalha e em qual é o seu carro e sim em quem é você. A minha dúvida é se isso se aplica mesmo a todos os irlandeses ou se tenho essa impressão porque ando muito com estudantes de intercâmbio. Talvez, esta eu responda daqui a outros três meses.


É difícil definir o que mudou em mim. Acredito que quando você é mais novo, tudo fica mais visível porque você nunca sequer teve a experiência de morar só. Não foi o meu caso. Já vivi muitos anos morando sozinha e sei muito bem cuidar de uma casa e de mim mesma. Então, a minha mudança acabou sendo muito mais sutil e interna.

Minha forma de ver a vida também mudou. Não sei se quero voltar a viver na loucura diária que é São Paulo. Parece que só quando você se afasta de lá é que consegue realmente enxergar o quanto é estressante e maluca a correria diária. Não tenho mais muitas grandes aspirações de carreira. De que adiante se matar de trabalhar a vida inteira e não poder aproveitar? Quero sim ter uma vida tranquila, mais simples... para poder desfrutá-la ao lado das pessoas que amo. Não preciso de grandes riquezas para isso: família e amizade são de graça.

Sei que pode parecer um enorme clichê, mas é uma grande verdade: a vida é curta. Nunca sabemos quanto tempo nos resta neste mundinho: pode ser muito, mas também pode ser pouco. Também não sabemos quanto tempo tem as pessoas que nós queremos bem. Então, pra que disperdiçar o melhor da vida sem estar perto deles?

Se pudesse, talvez vivesse para sempre por aqui. O único problema é justamente isso: a distância. Teria que ter dois corações e passagens semestrais para o Brasil... rs. Difícil explicar como o a Irlanda se tornou meu segundo lar em tão pouco tempo. Mas mais difícil ainda é ter deixado metade do meu coração com vocês.

3 comentários:

  1. Se vc ficar por ai vou ter que começar a trabalhar também, pra ir te visitar, saudades má bjos Vini primo!!!!

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  2. Oi, primo. Ainda tenho pelo menos mais 4 meses por aqui. Se arranjar um emprego e achar que preciso, ficarei mais. Então, acho que você precisa tratar de arranjar um também para vir para cá. Lugar para dormir você tem... rs. Beijos e saudades também.

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  3. Nossa Má... Falando assim tô vendo que vou ter que desenferrujar o meu inglês e conhecer a Irlanda... rsrs... Saudades!!! Beijos!

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