quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

De Pijama no Mercado

Já tinha ouvido falar deste estranho costume irlandês: ir ao mercado de pijama. Entretanto, custei a acreditar que fosse verdade. Achei que, como tantas outras coisas, fosse apenas um boato sem fundamento. Hoje, depois do que aconteceu, mudei completamente de ideia.

A italiana doida que mora comigo, e que eu gosto cada dia mais, resolveu retocar a tinta vermelha dos cabelos. Enquanto esperava secar, resolveu que queria descer até o Tesco (mercado) que tem exatamente embaixo do prédio para comprar cervejas. Para que ela não fosse sozinha lá com o cabelo todo pintado, uma roupa surrada e suja de tinta e uma touca estranha na cabeça, sua amiga irlandesa resolveu enrolar o cabelo numa toalha e ir junto.

Esta foto é meramente ilustrativa, pai

Quando as vi assim, tive um acesso de riso que durou uns bons minutos e as deixou sem entender o que estava acontecendo. Quando expliquei, falaram que era uma coisa tão absolutamente normal por aqui que levariam até os ursinhos de pelúcia que temos para me provarem isso. Claro que, como boa curiosa que sou (uma curiosidade puramente antropológica, claro!) desci junto para verificar se as pessoas estranhavam ou não.

Andamos pelo mercadinho e encontramos mães com crianças, jovens, homens adultos... e absolutamente ninguém dava bola. Foi até um pouco decepcionante! Eu era a única que estranhava a situação. A caixa até comentou que gostou da cor da tintura dela. Que pintou também os cabelos ontem, mas não gostou da cor que usou.

Isso me chamou bastante a atencão: será que somos assim tão rigorosos e não temos nada melhor para fazer a não ser julgar os outros? Ou será que os europeus são realmente loucos?

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Brasileira?

Se já era difícil para as pessoas acertarem o meu nome no Brasil, podem imaginar como está sendo aqui, né? Nas terrinhas tupiniquins, era Maira, Mayara, Maria, Mariana... e diversas variações disso. Aqui, acaba sendo Maria ou Meire... ou um som muito estranho que eu nunca entendo ou acho que é comigo. Por conta disso, os professores dificilmente me chamam para responder questões ou ler alguma coisa. Confesso que não sei ainda se isso é bom ou ruim.

Pelo que fui informada, parece que existe um nome irlandês muito parecido: Maire (antigamente era Muire). É a versão deles para Maria, ou Mary. Olha neste link aqui uma explicação bem legal e a pronúncia do nome em irish, que acaba sendo Maira.

Aqui em casa, pedi para a Rury (coreana) me chamar de Mai. Ela definitivamente também não consegue pronunciar o erre nosso de modo algum. Ela bem que tentou, coitada! Mas saiu uma coisa tão estranha e engraçada, que preferi não insistir.

Futuros pais de plantão, por mais lindo que seja o nome que você queira dar para a sua filha ou filho, se for estranho ou muito difícil, esqueça. Perdi a conta de quantas vezes na minha vida tive que soletrar meu nome. O problema é que além dele, ainda vem o sobrenome. É um verdadeiro inferno! Aqui, ainda por cima, preciso soletrar em inglês. Terrível isso! Para a minha sorte, ainda não precisei fazer isso com o sobrenome. Bittencourt definitivamente não será uma tarefa fácil.


Além do estranhamento em relação ao meu nome, tem também a questão da nacionalidade. Para eles, ou sou irlandesa ou canadense. Um italiano chegou ao cúmulo de me perguntar seriamente se eu tinha certeza de que era brasileira. Sim, eles realmente acham que só tem negro ou mulato vivendo por aí.

Cheguei à conclusão de que sou um ser estranho e à parte aqui e já perdi a conta de quantas vezes tenho que explicar que não falo inglês tão bem, já que não é a minha língua nativa, e que existem loiros brasileiros. Sim, estereótipos existem aos montes por aqui... e vou te contar que alguns italianos são exatamente como vemos nos filmes... rs.

Essa questão da nacionalidade também gerou uma discussão com um colega de facebook que não consegue entender porque estou evitando ficar encontrando brasileiros por aqui. Ele acredita que eu fazer isso significa que não gosto do Brasil ou dos brasileiros e não que estou apenas querendo aprender de verdade o inglês e que ficar andando com muitos conterrâneos não me ajudará nem um pouco nisso. Segundo ele, só porque não quero sair por aí exibindo a bandeira ou camisetas da seleção significa que não sou nacionalista.

Não preciso nem dizer que quase cai de tanto rir ao ler isso porque achei uma puta hipocrisia. As pessoas não andam com bandeiras no Brasil (a maioria nem a tem), porque deveriam fazer algo no exterior que não fazem aí? Além disso, nacionalismo é um sentimento. Não preciso ficar esfregando ele na cara de ninguém para dizer que o sinto. Para mim, prefiro mil vezes mostrar nosso país e o comportamento dos brasileiros através do exemplo do que através de uma camiseta ou símbolo. Sou o exemplo (bom, espero) de que brasileiro também é honesto, de que brasileiro é esforçado, que brasileiro não vive só de Carnaval, que sou mais do que uma bunda e muito mais do que qualquer estereótipo... até mesmo o do brasileiro que sempre anda com a camisa da seleção. Sorry para quem pensa diferente! Seja primeiro um exemplo, depois conversaremos e discutiremos a respeito.

O engraçado é que depois que vim para cá, comecei a perceber uma série de coisas boas que temos por aí, mas não nos damos conta. Estou até anotando para depois poder colocar num único post algumas observações. Enfim, é fácil julgar as pessoas sem as conhecer. Ainda bem que a maioria me conhece e sabe que eu quero e muito bem o Brasil e até penso em entrar para a política para fazer a diferença.

PS: Ah sim, algumas pessoas acham que a língua que falamos é o "brasileiro" ou "brazilian" e não o português.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Feirinha, Batucada e Muita Chuva

É, minha gente, que Dublin era cinzenta e que chovia bastante, eu já sabia. Entretanto, uma coisa é saber na teoria, outra é vir aqui e viver andando na chuva. Definitivamente não é para qualquer um.

Hoje, combinei com uma amiga brasileira para visitarmos o zoológico. Nos encontramos no pub The Mezz para comer uma deliciosa feijoada e no caminho, no jardim da Christ Church Catedral, nos deparamos com uma espécie de feirinha típica irlandesa. Tinham alguns animais, comidas e uma batucada incrível (conforme vocês poderão ver no vídeo abaixo das fotos).

Não sei o que diabos esse irish resolveu moer aí, mais achei que era definitivamente algo típico e digno de um flash

As crianças podiam ver essas galinhas estranhas lá. Também podiam segurar um coelhinho fofo

Esse bicho estranho me pareceu ser uma lhama, fiquei com medo de tomar uma cuspida e me afastei


Como o zoológico era muito caro (16 euros) e a prisão Kilmainham Gaol já estava com todos os tours lotados, decidimos visitar o Irish Museum of Modern Art, mas estava fechado para reformas internas. Não pude deixar que notar que deve ser absolutamente fabuloso na primavera, já que a entrada principal dele é um caminho cercado de árvores. Só nos restou ver o belo jardim que tem ao lado dele. O único problema foi a chuva que não deu uma tregua sequer. Maldição!



Mãe, essa tenho certeza de que você amou



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Italiana e a Tranca do Banheiro

Hoje, aconteceu uma coisa muito engraçada aqui em casa. Eu digo engraçada agora, que o susto passou e virou apenas uma boa história para contar.

Como já disse antes, minha colega de quarto é uma italiana de trabalha em um pub durante a noite. Normalmente, ela chega de madrugada e dorme direto até umas 16, 17h. Ontem, porém, um cliente a segurou até 06 da manhã no trabalho. Ela voltou para casa e, enquanto se preparava para dormir, resolveu usar o banheiro e não conseguiu mais abrir o trinco.

Acordei com o barulho dela tentando desesperadamente abrir a porta. Qualquer pessoa normal, iria nos chamar, pedir para ligar para alguém e aguardar. O problema, meus caros amigos, é que ela é claustrofóbica. Agora, imaginem uma italiana com claustrofobia, trancada dentro de um banheiro com duas colegas que não falam bem inglês e que não sabem para quem ligar para resolver a situação.



Tratei de ligar para o landlord para que ele mandasse um chaveiro aqui. Tive que procurar na internet para explicar que precisaríamos de locksmith com urgência. A questão é que ele conseguiu me entender com perfeição, mas eu não entendi uma só palavra do que ele disse. Apenas que ia mandar alguém aqui.

O tempo foi passando, passando e a Dani cada vez mais desesperada. Liguei para ele e fui informada que o tal cara só chegaria às 09h30 aqui, por causa do trânsito. Pra mim, foi conversinha para boi dormir. Em uma hora e meia você pode chegar em outra cidade aqui e não estamos em São Paulo. O jeito foi apelar para a boa vontade do vizinho japonês que usou uma facha e uma moeda e conseguiu finalmente abrir a fechadura. Isso mesmo que vocês leram: o cara é praticamente um Macgyver dos orientais. Só faltou me pedir o chiclete.

O tal do locksmith acabou chegando só 10h e culpou o trânsito pela demora (ok, a gente finge que acredita). O pior de tudo é que ele não tinha ferramenta para arrumar o trinco, apenas para abrir e voltará aqui na sexta-feira para trocar. Por que sexta-feira? Eu explico: segundo ele, era o único dia e horário que tinha livre para fazer o serviço. Até lá, vamos apenas escostar a porta e esperar que ninguém a abra enquanto estivermos lá dentro. Então, pessoal, o lance é ser chaveiro na Irlanda. Afinal, ter tantos clientes assim deve render um bocado de grana, não?

PS: Aprendi um monte de palavrões em italino. Se alguém tiver interesse... rs

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Novo Apê


Pessoal, mais um videozinho do apartamento aqui. Ficou um pouco pesado porque não sabia que minha máquina fotográfica filmava numa qualidade tão boa. Não adiantou muito porque perdeu quando baixei para o youtube... mas tá aí. Espero que gostem.



domingo, 20 de janeiro de 2013

A Moda Irlandesa

Muita gente vem me perguntando isso e não sei bem como responder. Então, resolvi fazer um post explicando para tentar elucidar algumas coisas que tenho visto por aí.

Não há um estilo único de roupas, como você encontra no Brasil. Aqui, cada um veste o que quer, o que gosta e está tudo bem com isso. Entretanto, já consegui perceber algumas "tendências" no estilo das irishs aqui. Elas amam cores fortes, brilhos, tachinhas e tudo o que é chamativo. Seja na roupas, na meia, na maquiagem e até nas unhas. Sério! Acaba até lembrando um pouco o estilo de roupa dos anos 80.

Saindo na rua, pude notar uma coisa: os irlandeses não sentem frio nas pernas. Incrível! A quantidade de mulheres com saia e sem meia (ou com uma meia fina) é enorme. Já vi homens todos agasalhados, com gorro, touca, luvas, cachecol e... bermuda. É um contra-senso enorme!

O uniforme das garotas na escola é aquele bem clichê mesmo: saia xadrez comprida (até o joelho) e meia também comprida, chegando quase até encostar na saia.

As nativas andam sempre maquiadas. Sempre! Entre mulheres e adolescentes isso é uma regra. Muitas ainda usam aquelas maquiagens que dão a impressão que estão bronzeadas e coque alto. Aliás, nem precisa ser um coque bem feito, basta fazer um ninho no alto da cabeça, encher a cara de coisa e está ótimo para elas.




Aqui vale bota, sapato, salto, calça, saia... vale-tudo. Creio que por ter gente do mundo inteiro, os estilos acabam se misturando. Por conta disso, ninguém vai ficar te olhando ou achando estranho o seu modo de vestir. Apesar de eu achar as cores berrantes das irlandesas um tanto quanto engraçadas. Por exemplo, elas usam cores fortes e brilho até em meias calças. Acaba sendo uma coisa meio Sônia Braga em Dancing Days.

Ainda estou sofrendo para encontrar uma calça para mim. Queria diversificar um pouco, não só usar os jeans que trouxe, mas tá difícil arranjar uma. Só encontro calças muito finas ou muito cafonas. Sério! Terei que procurar em lojas um pouco mais caras porque a Penney's e a Dunnes não tem uma adequada para uma brasileira que sente frio nas pernas.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Burocracia do Visto

Como já estou com endereço definitivo aqui em Dublin, chegou a hora de iniciar os preparativos para o visto de estudante. Comecei tendo que dar entrada no pedido do PPS. Para me acompanhar, a escola disponibilizou uma funcionária deles, a Patricia: super simpática e solícita. Enquanto esperávemos pelo atendimento, aproveitei para conversar bastante com ela e treinar meu inglês. Ainda é difícil entender algumas coisas do sotaque irlandês e ela me explicou que também tem essa mesma dificuldade quando conversa com alguém de Cork e que por conta disso não recomenda que as pessoas estudem nesta cidade.

Enquanto esperava, fiquei imaginando que se aquela situação ocorresse no Brasil, muita gente já estaria reclamando. Diversos guichês vazios, atendentes sem chamar ninguém e fazendo sei lá o quê, uma demora interminável para resolver o problema de uma única pessoa. O engraçado é que os irlandeses estavam lá, esperando pacientemente, enquanto eu bufava. Acho que ainda não perdi a minha pressa paulistana.



Quando chegou a minha vez, Patricia sentou comigo na mesa, mas quase não precisou fazer nada. Recebi um formulário com dados básicos, preenchi, assinei, entreguei a carta da escola, tirei uma foto e foi só isso. Não entendi por quê das outras pessoas demoravam tanto. Foi tão simples.

Cabe aqui uma explicação. PPS é como se fosse um CPF deles aqui. Você só pode trabalhar se tiver um. Você só pode dar prosseguimento no visto se tirá-lo primeiro. Então, agora só me resta aguardar o envio dele para a minha casa, pelo correio. O que deve levar em torno de uma semana.

Neste meio tempo, continuo tendo dificuldades nas aulas de inglês. Meu professor é muito bom, mas tenho a impressão de que a matéria é sempre muito corrida. A gramática não é mais ensinada porque supõem-se que o aluno saiba de tudo e não precise mais. Entretanto, eu preciso sim. Preciso relembrar muita coisa que já aprendi, mas também já esqueci. E o tempo para fazer os exercícios durante as aulas é curto. Entendo que muita gente vá ficar pouco tempo aqui e tem pressa, mas eu não.

Estou pensando em pedir para voltar para o Intermediário, mas ainda não me decidi. Realmente, as aulas lá estavam muito fáceis. Acho que eu precisaria de uma turma entre uma classe e outra, mas não tem... rs. Soube hoje que irão trocar nosso professor na semana que vem. Talvez seja melhor esperar para ver como ficarão as coisas. Talvez depois de uma semana, se ainda achar complicado, conversar com o novo professor também.

Desde que cheguei (há vinte dias), ontem foi a primeira vez que fiquei triste aqui. Não recebi notícias muito boas do Brasil (mesmo longe, a gente acaba ficando com a cabeça nas coisas daí) e juntando isso ao fato que estou com gripe há uns quatro dias e TPM...  aí já viu, né?! Fiquei sem vontade de fazer nada (apesar de ter limpado boa parte do apartamento), triste, me questionando se fiz a coisa certa vindo para cá.

Enfim, continuo gripada e com bastante tosse. Estou tomando remédio: naldecon, xarope e chá para gripe. Entretanto, acho que a questão é ter paciência mesmo e esperar passar.

Fiz um videozinho filmando o novo apartamento em que estou e postarei assim que terminar de baixar no youtube.

domingo, 13 de janeiro de 2013

O Novo Apartamento

Depois de praticamente 14 dias no apartamento temporário (que dividia com duas brasileiras), eis que chegou o dia da minha mudança para o definitivo (que espero ser mesmo).

Combinei, três dias antes, com o mesmo transfer que me trouxe do aeroporto para me levar para meu novo endereço, numa região bem central de Dublin. Mas, esperei por mais de meia hora e ele não apareceu. Tive que contratar outro às pressas porque estava cansada de ficar na portaria com as minhas coisas, esperando. 

O combinado é que eu ficaria no quarto menor, com a coreana. Já a búlgara se mudaria para o quarto maior com a italiana. Entretanto, não entendi muito bem o que aconteceu, mas ela não quis se mudar para o maior e fui parar lá. Melhor pra mim, não? Tenho metade de um armário grande, um gaveteirozinho pequeno, metade de gaveteiro grande e uma prateleira para colocar todas as coisas.

Então, desde ontem a minha companheira de quarto é a Daniela. Uma italiana que veio para cá porque o namorado queria morar um tempo aqui, depois ele resolveu voltar e ela não quis (rs). Terminaram o relacionamento e ela agora trabalha num pub durante a noite e dorme durante as manhãs.



Quando cheguei, Rori (coreana) abriu a porta para mim porque a Dani estava dormindo. Esperei ela acordar, lá pelas 16h para poder entrar e arrumar minhas coisas no quarto. Laura, a brasileira que me passou a vaga, deixou várias coisas para mim. Dentre elas, toalhas, travesseiros e roupas de cama. Entretanto, acabei comprando um cobertor maior (double) porque acho esses de solteiro muito pequenos e quando me mexo à noite, acabava me descobrindo. 

Aqui, até o cobertor é diferente. Você compra uma espécie de recheio em separado. Parecido com o miolo de um travesseiro fino, mas que vem no tamanho de um cobertor. Compra a capa, que parece um lençól um pouco mais áspero e que tem uma abertura na lateral feita de botões. Coloca um dentro do outro e voilà: tem seu querido cobertor.

Aliás, tenho percebido que, aqui, existem umas coisas muito gostosas que não se encontra no Brasil. Por exemplo, comprei na Penney's (uma famosa loja que tem aqui, no estilo de grandes magazines, mas com preços baixíssimos) dois pares de meias para dormir. Elas são tão fofas, tão quentinhas, que estou pensando em começar a mandar algumas para o pessoal em São Paulo. Sério! Também encontrei uma espécie de mantinha (não sei se apenas para bebês), mas igualmente deliciosas. Quase comprei, mas não entendi exatamente para quê eu a usaria e percebi que seria besteira comprar. Tenho certeza de que poderei encontrar uma toalha de banho aqui igualmente macia. Sem contar que o preço aqui também é mil vezes mais em conta.

Mais um detalhe sobre meu novo apartamento: ele é quente. Sim, está um grau celsius lá fora e não estamos com o aquecedor ligado. Legal, né?! Mas nem tudo aqui são flores. Como moro numa região central, obviamente o barulho aqui é maior que o de onde estava antes. A compensação é que embaixo do apto tem um supermercado express, o Tesco (também famosos por aqui). Uhú! Meio caro se comparado aos outros, mas que dá para ajudar nas compras de emergência. 

Ainda não conversei muito com a Elitsa, que passou o fim de semana na casa do namorado português. Preciso admitir aqui uma coisa: não sei absolutamente nada sobre o país dela (Bulgária). Tive que olhar no google para descobrir a capital (Sófia) e onde ficava exatamente no mapa. Como vocês devem perceber, não joguei tanto War assim na infância como deveria... rs


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Um Dia Após o Outro

Se tem uma coisa legal quando se faz intercâmbio é que você acaba vivendo realmente o seu dia-a-dia. Tal como dizem no AA: um dia de cada vez. Você não pensa muito no amanhã, no daqui a uma semana ou daqui a alguns meses. Tudo se concentra no hoje. Não sei se isso está sendo uma particularidade minha, mas está sendo muito bom!

Vista da janela do meu atual apartamento. Amanhã já mudo daqui. Gosto do sossego do bairro.

Apesar disso, fui atrás de apto para mudar e estudei para a prova que teve hoje. Sim, depois de duas aulas, já tive prova. Aliás, terei todas as sextas-feiras uma. Assustador, não?! O professor levou em consideração o fato de que só assisti duas aulas (perdi uma porque estava no outro nível e outra porque não consegui acordar), corrigiu minha redação e os vários erros dela... porém me disse que tenho um bom vocabulário e que estou sim no nível do Upper. Espero agora só conseguir acompanhar a sala. Todos lá falam muito bem e sem pestanejar... enquanto eu pareço uma gaguinha falando. Mas tenho que ter em mente que eles já estão aqui há pelo menos cinco meses, enquanto eu acabei de chegar.

Estou aproveitando os 30 minutos que levo a pé até a escola para ouvir rádio no celular, principalmente as notícias e discussões. Aqui, o tempo inteiro se fala sobre a crise e desempregos. No caminho, também comecei a pegar um jornalzinho que eles distribuem de graça, assim como no Brasil e tentarei ler ao menos uma noticia por dia.

Estávamos, semana passada, na casa do 10o C de temperatura. Entretanto, na terça à noite, despencou e, agora, estamos rodando na casa do zero. Legal, né?! Diz isso para a gripe que me pegou então... rs. Santo Naldecon que tá me ajudando a combatê-la!

Engraçado é que quando conto para as pessoas que estou na Irlanda, alguns ficam achando super legal, como se eu estivesse curtindo a vida adoidado... rs. Enquanto outros acham um horror, como se eu estivesse congelando. Calma lá, pessoal: Nem tanto ao céu, nem tanto à terra! Estou saindo de vez em quando e, depois da última terça que estive na Dicey`s, prometo tentar não sair mais durante a semana (não tenho mais idade para conseguir acordar cedo no dia seguinte) e também não morro de frio. Gente, casaco taí pra isso. Gorrinho, luvas e cachecol também.

A entrada do meu prédio é a que fica na frente do parquímetro.

Como prometi e deixei de cumprir, tirei uma foto do meu prédio para provar que eles são todos iguais e do parquímetro daqui. Mesmo sem fiscalização alguma, os irlandeses pagam para estacionar nas ruas. Aliás, a honestidade irlandesa será assunto de um próximo post.

 Meu primeiro ponto de referência de Dublin


PS: O blog é meu e coloco PS sim. Antes de ontem dormi olhando as estrelas. Nem lembro qual foi a última vez que consegui ver alguma em São Paulo. Lindo demais!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Começando as Aulas

É, pessoal, a mamata acabou e as aulas por aqui começaram.
Segunda-feira (7/1) tive meu primeiro dia na escola. Já sabia qual rua ela ficava, mas ainda não tinha muita certeza sobre a numeração. Ao contrário do Brasil, aqui não tem um lado par e outro ímpar ou uma seqûencia lógica. Acho que algum irlandês bêbado foi quem fez a numeração de tudo porque realmente não faz sentido algum. Numa mesma rua, muitas vezes a numeração cai e volta para uma mais baixa. Vai entender...

Aliás, acho que usar o termo irlandês bêbado é praticamente um pleonasmo por aqui. Algo como dizer hemorragia de sangue, subir para cima e suicidou-se.
Enfim, já tinha feito um teste escrito que me enviaram por e-mail e das 60 questões, eu tinha acertado 44. Quando cheguei na escola, iria fazer o teste oral.
Acordei, me troquei e saí para a aula e ainda estava de noite e chovendo. Sim, porque aqui sempre chove e porque o dia só começa a clarear, nesta época do ano, a partir das 8h30 da manhã. Uma droga, não?! Enfim, fiz como aprendi com os irlandeses: peguei a touquinha do meu casaco, cobri a cabeça e fui em frente.

Consegui achar a escola apenas depois da terceira vez que passei em frente. É uma porta espremida entre uma lanchonete e uma loja (se não me engano). Não acreditei que lá poderia ter uma escola, mas tem sim e maior do que eu esperava observando aquele pedaço de madeira na frente.


Tudo dentro é escada. Você sobe meio lance de escadas e dá no banheiro feminimo. Mais meio lance e dá na secretaria e numa sala de aula. Mais meio e dá numa minicozinha. Mais meio e numa sala para alunos e outra sala de aula. Mais meio e no banheiro masculinho, mais meio e em outras salas de aula. Ufa! Acho que é isso. Se não for, não cheguei a subir tanto.

Bom, o tal exame nada mais era do que conversar com uma mulher que me pareceu ser a diretora ou coordenadora da escola. Ela pergunta coisas sobre a sua vida, sobre o Brasil e só isso: uma simples conversa em inglês. Depois, fui encaminhada para uma sala do Intermediate (Intermediário), na qual o professor já dava a sua aula.

A única coisa que me deixou insatisfeita com a escola foi o fato de existirem muitos brasileiros. Quando comprei o pacote, procurei uma que não fosse tão barata exatamente por conta disso. Uma outra aluna que está na Kavanagh há 5 meses me falou que quando começou, só tinham dois outros brasileiros e ela. Entretanto, acho que por conta de vários famosos sites brasileiros de intercâmbio terem feito entrevistas (propaganda) desta escola, muita gente acabou procurando e culminou que 90% ou mais de alunos são brasucas.

Na minha sala tinham 12 pessoas. Delas, apenas 2 não eram da nossa terrinha e sim da Itália. Triste isso, não? Achei que ao menos na escola teria contato com outras pessoas e culturas. O bom é que isso só reforça a minha questão de ter encontrado o apartamento certo para morar.

Então, a minha satisfação com a escola morreu por aí. Gostei dos professores, gostei do material didático, do atendimento... mas, infelizmente, esta questão dos brasileiros me deixou muito insatisfeita! De qualquer modo, eu já tinha ideia que a grande maioria das escolas daqui são formadas por alunos verde-amarelos... mas pesquisei demais para achar uma que não fosse e, agora, ela é invadida por eles. Fazer o quê, né?!
A aula foi tranquila. Quem já fez um curso de inglês no Brasil sabe que não muda muita coisa. No final, a diretora pediu para conversar comigo e disse que o professor me passou para um nível acima. Que o que eu estava era muito fácil para mim (o que de fato ele estava certo). No dia seguinte, eu iria acompanhar as aulas no Upper, uma espécie de Intermediário-Avançado.

Ontem (8/1), assisti minha primeira aula lá com o professor Mike. Que, pelo fato de eu ser loira e de olhos azuis, não conseguiu acreditar que sou brasileira. A turma toda se revoltou questionando-o se ele achava que não existiam loiros em nosso país.
A minha nova classe é formada de 100% de brasileiros. 9 alunos no total e todos eles falam muito bem o inglês, exceto eu e um outro que chegamos agora. Isso me deu muita insegurança no início.

Quando o professor então deu um texto em que eu não conhecia cerca de umas 15 palavras, quase tive um treco achando que estaria em nível errado. Pensei: terei que ralar muito para acompanhar esse pessoal. Mas, no final, Mike explicou para todos que a história tinha muito vocabulário novo e distribuiu dicionários (inglês/Inglês) para os grupos. Quando vi que as dúvidas dos colegas eram as mesmas que as minhas, fiquei mais tranquila.

Conversei sobre isso com o professor ao final da aula e ele disse para não me preocupar. Que os outros alunos estão por aqui há cinco meses e que, por conta disso, era normal terem mais facilidade para falar. Que ele prestou bastante atenção aos meus exercícios e que acredita que estou no nível certo sim.

Bom, se os dois professores disseram isso, só me resta acreditar e comemorar, não? Depois do Upper, só terei o Advanced. Legal, né?! Vamos ver quanto tempo levo para chegar lá.

PS: Domingo assisti missa na principal Igreja de Dublin (talvez a do país também), a St. Patrick Church. O mais curioso é que apesar de toda história irlandesa, da questão da separação da Inglaterra e das Irlandas pela questão religiosa (a Irlanda é um país católico), essa igreja é protestante. Oi? Pois é, como entender isso? Ela leva o nome do principal representante e difusor do catolicismo por aqui. Se alguém souber me explicar este mistério, sou toda ouvidos. De qualquer forma, a missa foi muito bonita e eles tem um coral que canta acompanhando a cerimônia que é simplesmente muito bom! Pai, antes que você fique doido e vô, antes que você fique feliz, só fui à missa unicamente por conta de uma curiosidade antropológica. Só isso!

sábado, 5 de janeiro de 2013

Andanças

Hoje o post será unicamente de fotos. Resolvi tirar finalmente algumas das igrejas aqui ao lado.
Está aqui é a St.Audoen's Church, que fica quase na esquina de casa e um dos meus pontos de referência aqui.


Esta outra é a Christ Church Cathedral, muito perto da anterior e tão lindo quanto. Fico só imaginando essas árvores na primavera. Ainda bem que estarei aqui para poder ver isso de perto.



Hoje fomos almoçar no The Mezz novamente. Aos sábados, eles tem feijoada e pagode por lá. Ficamos só para a feijoada... rs. Então, passamos por alguns desses lugares e resolvi fotografar. Também aproveitei para tirar algumas do Temple Bar, onde as minhas flatmates e eu fomos para tomar uma Guiness ontem à noite.



Depois do almoço, passamos na biblioteca (Chester Beatty Library) que tem aqui e que é mais para exposições do que própriamente para retirar livros. O jardim dela é lindo! Entramos e vimos uma exposição sobre objetos e artefatos da China feudal. Muito legal! Recomendo.
Ela fica num complexo com um castelinho usado pelo governo, uma igreja e ela.





Essas daqui são algumas esculturas na lateral da entrada do prédio e tirei especialmente para a minha mãe ver... rs.


Já ia quase me esquecendo de citar. Ontem visitamos também o maior parque urbano da Europa, o Phoenix Park. Nem preciso dizer que andamos, andamos e não conseguimos encontrar muita coisa que eu sei que tem lá dentro. Ele realmente é enorme! Tem aqui um mini-obelisco.


Na volta pra casa, mais uma escultura para minha mamitcha.


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A Busca Pela Casa

Geralmente, quando vamos para um intercâmbio, a escola ou agência reserva para nós um quarto em casa de família, albergue ou residência estudantil. Esse é o tempo em que eles acreditam que a gente vai se arranjar e alugar uma vaga em algum outro apartamento.
Uma explicação rápida: por aqui, alugar um quarto single (só você) é bem mais caro. Algo entre 400 e 450 euros. Se for fora do centro, você consegue achar por mais barato. No entanto, tem que pegar condução para ir para lá ou usar a boa e velha magrela. O ideal é você economizar dividindo o quarto para poder gastar mais morando perto do centro. Deu para entender? rs.
Eu estava querendo e procurando muito uma vaga em que não tivessem brasileiros ou, se tivessem, que fossem poucos.


Hoje, combinei com duas pessoas para visitar apartamentos diferentes que encontrei no Daft, um site de anúncio de imóveis e vagas. Ambos, por fotos, pareciam uma graça.
O primeiro que visitei era na Lower Ormond Quay, há quinze minutos do centro e na frente do rio. Entretanto, o apartamento não ficava de frente para o Liffey e era bem diferente das imagens que vi. Super escuro, com cara de úmido e uma bagunça (e olha que eram três meninas morando e sabiam, há dias, que eu iria lá). Ah sim, detalhe importante: duas brasileiras e uma venezuelana. Minhas probabilidade de falar inglês em casa seria zero.
Não adianta se enganar: se você mora com brasileiros, vai falar em português sim porque é mais conveniente. Terão palavras, frases e ideias que você não saberá expressar em outra língua e vai mesmo recorrer à materna.
O segundo que visitei fica na Talbot Street. Detalhe que minha escola fica literalmente na esquina.
Uma brasileira está passando a vaga e as outras queriam que ela deixasse tamém uma representante tupiniquim no lugar. Lá moram: uma coreana, uma búlgara e uma italiana.
O apartamento estava cheio. Além delas, estavam o namorado de uma que acho que é italiano e o da outra que é português, além de uma amiga da coreana.
O português gentilmente me ajudou traduzindo algumas das coisas que eu não conseguia entender. Apesar daquele monte de gente, todos foram muito simpáticos e me mostraram tudo na casa. Gostei disso: queria mesmo estar num lugar onde cada um fosse de um lugar diferente e eu não tivesse como falar português. Quer investimento melhor do que este?
Assim que saí de lá, já avisei a brasileira que queria ficar com a vaga. Ela conversou com as outras e viu que elas também me aprovaram e, agora, é só esperar o dia da mudança que ainda estamos combinando quando.
Será que encontrei meu cantinho aqui em Dublin pelos próximos meses? Espero que sim! Tem dado tudo tão certo desde que cheguei que estou confiante. Aguardemos pelo desenrolar desta novela... rs.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Apê Europeu

Conforme prometi, segue um vídeo mostrando meu apartamento daqui de Dublin. Ao menos até eu arranjar um lugar mais definitivo para ir.


Curiosidades

Bom noite, pessoal.
Vou juntar neste post algumas curiosidades sobre a Irlanda que fui recolhendo ao longo desses (poucos) dias aqui.
- torneiras: aqui tem água quente e fria separadas. Na pia da cozinha, como é só a manivela da torneira, dá para misturar as duas e ficar com uma água morna para lavar as coisas. Já no banheiro, a coisa complica. Elas são em torneiras separadas e uma de cada lado da pia. Ou você lava a mão na água gelada ou queima na outra;
- interruptor de luz: sempre do lado de fora do banheiro (que não tem janelas). Geralmente existe um pequeno exaustor de ar dentro dele;
- papel higiênico: aqui ele é absurdamente bom. Com duas ou três folhinhas, que são super grossas, você consegue fazer o serviço. Bem diferente das do Brasil que, mesmo as de boa qualidade, esfarela;
- lixo do banheiro: em alguns apartamentos não tem isso. Jogam o papel sujo diretamente na privada, que já tem um cano maior que a nossa aí;
- roupas: aqui as máquinas de lavar roupa costumam ficar na cozinha e as roupas são penduradas num varal de chão na sala. Deve ser estranho receber visitas com a sua roupa íntima exposta lá;
- moedas: sabe as tão desprezadas moedas no Brasil? Aqui elas são ótimas para andar de condução. Na verdade, os ônibus só aceitam elas. E dá-lhe porta-moedas no bolso;
- aquecedor existe em todos os cômodos, até no banheiro. Super necessário! Nos quartos, é possível até programar os horários em que você quer que ele funcione. Outro dia, cheguei da rua e tive o prazer de encontrar meu quarto quentinho. Delícia!
- frio: sempre imaginei que se morasse num lugar frio, andaria igual aquele povo em regiões de neve. Na verdade, não é bem assim por aqui. Uma blusa fina, de manga comprida, por baixo, uma de lã e um casaco já resolvem bem a questão. Luvas eu acho muito importante também. A questão nem tanto é o frio por aqui. O que mata é o vento e a garoa. Toda hora dá umas chuviscadas e ninguém liga muito não. Esqueça o guarda-chuvas porque ele vira do avesso o tempo inteiro e acaba não servindo de nada. O jeito é fazer como todos daqui e usar casaco impermeável. Choveu, puxa o capuz dele para a cabeça e a vida segue;


- taxista: resolvi pegar um táxi do centro ontem à noite para voltar para casa pois tinha andado demais e estava com o tênis de cano alto machucando minha canela. Foi MUITO difícil entender o que o cara dizia. Só consegui entender parte da conversa. O resto desisti de perguntar mais de duas vezes;
- povo: extremamente simpático. Os irlandeses para os quais pedi informações de caminho (olha que não foram poucos) sempre me indicaram com prontidão, falavam devagar e chegaram a falar a indicação por mais de uma vez;
- knackers: sim, aquele pessoal que vive de bolsa-família também existe por aqui. Alguns brasileiros em comunidades do facebook chegam a fazer um grande terror sobre eles. Contam histórias de alguns que jogam ovos em turistas, que chegam a bater em pessoas e importunar quando percebem que você é estrangeiro. Bem, na primeira noite em que me cheguei aqui e me perdi na volta para casa, passei por várias ruas cheias deles. Numa delas, quando cruzei com um grupo deles pela primeira vez, meu coração foi a mil e pensei seriamente em sair correndo, caso um fizesse menção de atravessar a rua. Entretanto, foi super tranquilo! Nem notaram a minha presença ou se importaram comigo.