terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Brasileira?

Se já era difícil para as pessoas acertarem o meu nome no Brasil, podem imaginar como está sendo aqui, né? Nas terrinhas tupiniquins, era Maira, Mayara, Maria, Mariana... e diversas variações disso. Aqui, acaba sendo Maria ou Meire... ou um som muito estranho que eu nunca entendo ou acho que é comigo. Por conta disso, os professores dificilmente me chamam para responder questões ou ler alguma coisa. Confesso que não sei ainda se isso é bom ou ruim.

Pelo que fui informada, parece que existe um nome irlandês muito parecido: Maire (antigamente era Muire). É a versão deles para Maria, ou Mary. Olha neste link aqui uma explicação bem legal e a pronúncia do nome em irish, que acaba sendo Maira.

Aqui em casa, pedi para a Rury (coreana) me chamar de Mai. Ela definitivamente também não consegue pronunciar o erre nosso de modo algum. Ela bem que tentou, coitada! Mas saiu uma coisa tão estranha e engraçada, que preferi não insistir.

Futuros pais de plantão, por mais lindo que seja o nome que você queira dar para a sua filha ou filho, se for estranho ou muito difícil, esqueça. Perdi a conta de quantas vezes na minha vida tive que soletrar meu nome. O problema é que além dele, ainda vem o sobrenome. É um verdadeiro inferno! Aqui, ainda por cima, preciso soletrar em inglês. Terrível isso! Para a minha sorte, ainda não precisei fazer isso com o sobrenome. Bittencourt definitivamente não será uma tarefa fácil.


Além do estranhamento em relação ao meu nome, tem também a questão da nacionalidade. Para eles, ou sou irlandesa ou canadense. Um italiano chegou ao cúmulo de me perguntar seriamente se eu tinha certeza de que era brasileira. Sim, eles realmente acham que só tem negro ou mulato vivendo por aí.

Cheguei à conclusão de que sou um ser estranho e à parte aqui e já perdi a conta de quantas vezes tenho que explicar que não falo inglês tão bem, já que não é a minha língua nativa, e que existem loiros brasileiros. Sim, estereótipos existem aos montes por aqui... e vou te contar que alguns italianos são exatamente como vemos nos filmes... rs.

Essa questão da nacionalidade também gerou uma discussão com um colega de facebook que não consegue entender porque estou evitando ficar encontrando brasileiros por aqui. Ele acredita que eu fazer isso significa que não gosto do Brasil ou dos brasileiros e não que estou apenas querendo aprender de verdade o inglês e que ficar andando com muitos conterrâneos não me ajudará nem um pouco nisso. Segundo ele, só porque não quero sair por aí exibindo a bandeira ou camisetas da seleção significa que não sou nacionalista.

Não preciso nem dizer que quase cai de tanto rir ao ler isso porque achei uma puta hipocrisia. As pessoas não andam com bandeiras no Brasil (a maioria nem a tem), porque deveriam fazer algo no exterior que não fazem aí? Além disso, nacionalismo é um sentimento. Não preciso ficar esfregando ele na cara de ninguém para dizer que o sinto. Para mim, prefiro mil vezes mostrar nosso país e o comportamento dos brasileiros através do exemplo do que através de uma camiseta ou símbolo. Sou o exemplo (bom, espero) de que brasileiro também é honesto, de que brasileiro é esforçado, que brasileiro não vive só de Carnaval, que sou mais do que uma bunda e muito mais do que qualquer estereótipo... até mesmo o do brasileiro que sempre anda com a camisa da seleção. Sorry para quem pensa diferente! Seja primeiro um exemplo, depois conversaremos e discutiremos a respeito.

O engraçado é que depois que vim para cá, comecei a perceber uma série de coisas boas que temos por aí, mas não nos damos conta. Estou até anotando para depois poder colocar num único post algumas observações. Enfim, é fácil julgar as pessoas sem as conhecer. Ainda bem que a maioria me conhece e sabe que eu quero e muito bem o Brasil e até penso em entrar para a política para fazer a diferença.

PS: Ah sim, algumas pessoas acham que a língua que falamos é o "brasileiro" ou "brazilian" e não o português.

Um comentário:

  1. Mairinha, voce nao e a unica. Tambem tive problema com o meu nome tanto aqui em Dublin quanto em Madrid.
    Na Espanha o J tem som de RR. Entao la eu era Ranaina. Sim!! Acredite!!
    Aqui piorou..mas enfim..adoro o meu nome e adoro o trabalho que eles tem para pronuncia-lo. Nesses londos 7 meses de intercambio consegui ganhar apelidos carinhos e que os levarei para sempre no coracao como forma de lembranca desse periodo tao incrviel que so um intercambio proporciona. Super Beijo!!! By your ex-flatmate!! =)

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