Segunda-feira (7/1) tive meu primeiro dia na escola. Já sabia qual rua ela ficava, mas ainda não tinha muita certeza sobre a numeração. Ao contrário do Brasil, aqui não tem um lado par e outro ímpar ou uma seqûencia lógica. Acho que algum irlandês bêbado foi quem fez a numeração de tudo porque realmente não faz sentido algum. Numa mesma rua, muitas vezes a numeração cai e volta para uma mais baixa. Vai entender...
Aliás, acho que usar o termo irlandês bêbado é praticamente um pleonasmo por aqui. Algo como dizer hemorragia de sangue, subir para cima e suicidou-se.
Enfim, já tinha feito um teste escrito que me enviaram por e-mail e das 60 questões, eu tinha acertado 44. Quando cheguei na escola, iria fazer o teste oral.
Acordei, me troquei e saí para a aula e ainda estava de noite e chovendo. Sim, porque aqui sempre chove e porque o dia só começa a clarear, nesta época do ano, a partir das 8h30 da manhã. Uma droga, não?! Enfim, fiz como aprendi com os irlandeses: peguei a touquinha do meu casaco, cobri a cabeça e fui em frente.
Consegui achar a escola apenas depois da terceira vez que passei em frente. É uma porta espremida entre uma lanchonete e uma loja (se não me engano). Não acreditei que lá poderia ter uma escola, mas tem sim e maior do que eu esperava observando aquele pedaço de madeira na frente.
Tudo dentro é escada. Você sobe meio lance de escadas e dá no banheiro feminimo. Mais meio lance e dá na secretaria e numa sala de aula. Mais meio e dá numa minicozinha. Mais meio e numa sala para alunos e outra sala de aula. Mais meio e no banheiro masculinho, mais meio e em outras salas de aula. Ufa! Acho que é isso. Se não for, não cheguei a subir tanto.
Bom, o tal exame nada mais era do que conversar com uma mulher que me pareceu ser a diretora ou coordenadora da escola. Ela pergunta coisas sobre a sua vida, sobre o Brasil e só isso: uma simples conversa em inglês. Depois, fui encaminhada para uma sala do Intermediate (Intermediário), na qual o professor já dava a sua aula.
A única coisa que me deixou insatisfeita com a escola foi o fato de existirem muitos brasileiros. Quando comprei o pacote, procurei uma que não fosse tão barata exatamente por conta disso. Uma outra aluna que está na Kavanagh há 5 meses me falou que quando começou, só tinham dois outros brasileiros e ela. Entretanto, acho que por conta de vários famosos sites brasileiros de intercâmbio terem feito entrevistas (propaganda) desta escola, muita gente acabou procurando e culminou que 90% ou mais de alunos são brasucas.
Na minha sala tinham 12 pessoas. Delas, apenas 2 não eram da nossa terrinha e sim da Itália. Triste isso, não? Achei que ao menos na escola teria contato com outras pessoas e culturas. O bom é que isso só reforça a minha questão de ter encontrado o apartamento certo para morar.
Então, a minha satisfação com a escola morreu por aí. Gostei dos professores, gostei do material didático, do atendimento... mas, infelizmente, esta questão dos brasileiros me deixou muito insatisfeita! De qualquer modo, eu já tinha ideia que a grande maioria das escolas daqui são formadas por alunos verde-amarelos... mas pesquisei demais para achar uma que não fosse e, agora, ela é invadida por eles. Fazer o quê, né?!
A aula foi tranquila. Quem já fez um curso de inglês no Brasil sabe que não muda muita coisa. No final, a diretora pediu para conversar comigo e disse que o professor me passou para um nível acima. Que o que eu estava era muito fácil para mim (o que de fato ele estava certo). No dia seguinte, eu iria acompanhar as aulas no Upper, uma espécie de Intermediário-Avançado.
Ontem (8/1), assisti minha primeira aula lá com o professor Mike. Que, pelo fato de eu ser loira e de olhos azuis, não conseguiu acreditar que sou brasileira. A turma toda se revoltou questionando-o se ele achava que não existiam loiros em nosso país.
A minha nova classe é formada de 100% de brasileiros. 9 alunos no total e todos eles falam muito bem o inglês, exceto eu e um outro que chegamos agora. Isso me deu muita insegurança no início.
Conversei sobre isso com o professor ao final da aula e ele disse para não me preocupar. Que os outros alunos estão por aqui há cinco meses e que, por conta disso, era normal terem mais facilidade para falar. Que ele prestou bastante atenção aos meus exercícios e que acredita que estou no nível certo sim.
Bom, se os dois professores disseram isso, só me resta acreditar e comemorar, não? Depois do Upper, só terei o Advanced. Legal, né?! Vamos ver quanto tempo levo para chegar lá.
PS: Domingo assisti missa na principal Igreja de Dublin (talvez a do país também), a St. Patrick Church. O mais curioso é que apesar de toda história irlandesa, da questão da separação da Inglaterra e das Irlandas pela questão religiosa (a Irlanda é um país católico), essa igreja é protestante. Oi? Pois é, como entender isso? Ela leva o nome do principal representante e difusor do catolicismo por aqui. Se alguém souber me explicar este mistério, sou toda ouvidos. De qualquer forma, a missa foi muito bonita e eles tem um coral que canta acompanhando a cerimônia que é simplesmente muito bom! Pai, antes que você fique doido e vô, antes que você fique feliz, só fui à missa unicamente por conta de uma curiosidade antropológica. Só isso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário